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terça-feira, 22 de maio de 2018

‘Não queremos as botas dos Estados Unidos muito menos da Europa, aqui somos soberanos’

Foto Guilherme Imbassahy
Confira o relato de Luiza Lafetá, vice-presidente, diretora de Relações Internacionais da UJS e observadora internacional das eleições presidenciais na Venezuela.

“Dolarização já!”, dizia um outdoor de pelo menos 10 metros no centro de Caracas. A mensagem é de Henri Falcon, candidato á presidência da Venezuela e opositor a Nicolas Maduro. Durante toda campanha Henri mostrou um claro alinhamento aos Estados Unidos como única saída para a crise do país.
Nas primeiras horas de votação uma senhora dizia ao nosso lado “não queremos as botas dos Estados Unidos muito menos da Europa, aqui somos soberanos” em referência às possível ingerência estrangeira caso o candidato oposicionista chegasse à presidência.
A campanha que se iniciou em março de 2018 terminou no final da tarde desse domingo com a vitória de Nicolás Maduro com 65% dos votos. A contundente vitória do atual presidente representa a força do chavismo que através das comunas de bairros e da organização partidária da juventude e dos trabalhadores combateu a desproporcional ofensiva imperialista para manter firme a revolução bolivariana.
Os feitos do chavismo já são conhecidos: a estatização da empresa de petróleo, a universalização do ensino superior e dos serviços de saúde. Mas para quem acompanha a eleição nacional, o que mais impressiona é construção de uma democracia particular. Foram 24 eleições em 19 anos. Apesar do voto facultativo a média de participação eleitoral é de 72% em um universo de 18 milhões de pessoas aptas para votar. A constituição inaugurada por Hugo Chávez em 1999 implementou um sistema que levou os centros de votação para dentro dos bairros, “aqui votamos cedo, porque não precisamos mais pegar transporte para ir votar” dizia um morador do bairro 23 de janeiro que ás 6h da manhã já estava na fila do centro de votação.
Outra característica peculiar é a valorização dos partidos políticos. Em tempos de descrédito dessas instituições, o sistema eleitoral venezuelano garante a eleição dos representantes legislativos em listas fechadas, além de ter a opção do eleitor votar no partido político de sua preferência. Dessa maneira, os partidos da coligação possuem força própria para ampliar a sua presença eleitoral. Os partidos que não possuem nenhum voto tem o prejuízo de não participar das próximas eleições.
O trabalho de base, a organização partidária e o alto investimento político e financeiro no sistema eleitoral se transformaram em um poderoso combustível para o consciência popular. Na Venezuela não está sendo construída uma democracia representativa. Trata-se de uma democracia participativa em que cada voto é valorizado como peça fundamental da soberania nacional. Os ataques que vimos cotidianamente dos grandes meios de comunicação e dos organismos internacionais sobre a realidade Venezuela de fato não chegam nem próximos da realidade que vi aqui. O que vi aqui foi uma gigantesca mobilização popular, antes de mais nada, pelo direito de ser venezuelano e de construir de uma potência democrática.
Foto: Campanha Maduro

Foto: Campanha Maduro
Foto: Campanha Maduro
Foto: Campanha Maduro

Fonte: UJS

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