Em 31 de outubro de 1981, após anos de perseguição aos estudantes, acontece no Paraná o 21° Congresso da UBES, que marca o retorno da entidade
Desde as décadas de 30 e 40, o interesse dos estudantes em melhorias na educação já era motivo para reuniões e encontros, sejam nas praças públicas ou nos grêmios estudantis, aumentando cada vez mais a participação política nas decisões políticas do país.
Em paralelo a essa efervescência da época, a União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES) nasceu em 1948, quando foi realizado o primeiro congresso nacional. Desde lá, os estudantes estiveram à frente das principais manifestações, mobilizando e reunindo diferentes setores da sociedade. Para se ter uma ideia, em 1950, esses jovens já faziam reivindicações contra o aumento do transporte público e a favor do Passe Livre Estudantil; saíam pelas ruas liderando passeatas, parando cidades – como foi o caso do Rio de Janeiro que ficou paralisada dois dias em 1956 com a “Revolta dos Bondes”.
Não demorou muito e os militares que entraram no poder em 1964 começaram a perseguir e prender os líderes estudantis; na época, qualquer tipo de ajuntamento era risco sob a vista dos militares. A juventude estava sob revolta diante da brutalidade da polícia. Em dezembro, a ditadura escancarada: foi instaurado o Ato Institucional Nº5. A partir daí, qualquer tipo de reunião, movimento artístico ou manifestação de opiniões estavam expressamente proibidos. A juventude começava a se organizar clandestinamente e a rebeldia eminente fortalecia a chama.
Foi assim que, em 1977, a UBES começou o processo de reorganização do movimento com a convocação de um congresso contra a ilegalidade. Em Curitiba-PR, no ano de 1981, estudantes de todo Brasil se reuniram em um galpão para a consolidação da entidade. A cavalaria invadiu o congresso, prendeu estudantes, mas a garra e a experiência continuou intacta para seguir a luta.
A população em massa, organizada nos movimentos sociais, unificou-se em oposição aos militares na campanha “Diretas Já”, que teve participação expressiva da UBES. Apesar das mobilizações, a emenda não foi aprovada. Mas não teve jeito, a pressão do povo foi mais forte, a ditadura teve seu fim marcado pela eleição indireta que elegeu o presidente Tancredo Neves.
As principais cidades presenciaram dezenas de passeatas que reafirmaram a volta dos estudantes na vida política da nossa nação. As conquistas foram se multiplicando, como a aprovação do passe livre no Rio de Janeiro e da meia-entrada nos cinemas e teatros em diversas capitais do Brasil, o impeachment do presidente Collor, o enfrentamento da Era FHC e tantas outras lutas que seguiram.
Os estudantes foram (e são) portadores de importantes mudanças sociais, representando hoje a sociedade civil. O que era para ser o fim se tornou o recomeço, servindo para fortalecer as bandeiras da entidade.
Foi com muita raça e amor pelo Brasil que a UBES se reergueu, e vem há 30 anos depois de sua reconstrução pautando as políticas educacionais do país, defendendo uma educação de qualidade, desenvolvimento e soberania nacional.
Hoje a entidade tem muito o que comemorar: a conquista do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), inclusão de Sociologia e Filosofia na grade curricular das escolas públicas e privadas, o voto aos 16 anos (Se Liga 16), participação no Conselho Nacional de Juventude (CONJUV) e na Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS).
A luta continua, agora pelo investimento de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na Educação, quebra do veto presidencial ao projeto de 50% do Fundo Social do Pré-Sal para educação, projeto nacional de Passe-Livre, reserva de vagas para estudantes de escolas públicas para universidades públicas, ampliação do ensino técnico, currículo que corresponda as necessidades atuais da juventude, integração latino-americana e combate ao imperialismo.
No ano em que a entidade completa 30 anos de reconstrução, acontecerá o maior congresso da história do movimento secundarista.
O 39º Congresso da UBES será realizado de 01 a 04 de dezembro em São Paulo e deve reunir mais de 4 mil participantes de todas as regiões do país. Desde o início do processo eleitoral, iniciado há dois meses, 4,5 milhões de estudantes já participaram de votações em cerca de 5 mil escolas e aproximadamente 8 mil delegados foram eleitos.
Marcando a realização do 39° CONUBES, a entidade, junto à União Nacional dos Estudantes (UNE) e Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) lança o abaixo-assinado em defesa de 10% do PIB e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para Educação, que promete bater a marca de 1 milhão de apoiadores de uma das maiores campanhas em defesa da educação já promovida no Brasil.
Existem diversas formas de contribuir, participar e ajudar as entidades estudantis na aprovação dos 10% do PIB e 50% do Pré-sal para a educação, uma campanha que poderá mudar a cara do Brasil no próximos anos.
A primeira forma é simples. Basta acessar o site Petição Pública, preencher o formulário e automaticamente você terá aderido à campanha da UNE, UBES e ANPG em defesa da educação. Para ajudar ainda mais, o internauta pode também divulgar o abaixo-assinado para o seus contatos de e-mail. O próprio site Petição Pública lhe oferece essa opção.
Outra contribuição essencial e importante é usar as redes sociais como forma de divulgar a campanha. A página da UNE no Facebook criou um evento e pelo Twitter está sendo utilizada a hashtag #educação10.
Da redação
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