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quarta-feira, 7 de junho de 2017

Como ter uma escola de luta? Leia e descubra

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Estudantes contam como têm se articulado por “Fora Temer” e “Diretas Já” no dia a dia 
Dizem por aí que ninguém mais gosta de política e até que a democracia ruiu no Brasil. Meias verdades, talvez. Pelo que nos contam representantes de grêmios, a política  e a democracia continuam acontecendo por aí, nas ruas, nas escolas, pela voz e ações de jovens sem contas na Suíça, sem caixa 2 e, muitas vezes, até sem carteira ou sem porta na escola. Em centros e periferias de todo País, eles se importam, sim, com o que acontece em Brasília. E querem mostrar sua opinião e se articular mais. Na sua escola não é assim? Confira algumas dicas:

1) Conversar com os professores

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 A experiência de Wynne Cristian, líder estudantil da escola República do Peru, em Cotia (SP), mostra que o diálogo com o corpo docente da escola é uma boa saída para mais esclarecimento:
“Recentemente, conseguimos fazer uma reunião com os professores e conversar sobre os acontecimentos políticos e educação. Dissemos que queremos dialogar sobre isso na sala de aula e pedimos ajuda para procurar opiniões. Nós, estudantes, estamos interessados não só na história do mundo e da humanidade, mas também no nosso país hoje! Os professores podem ser nossos aliados para isso”.
 Na Escola Costa e Silva, em Porto Alegre (que estudantes e professores preferem chamar de Edson Luís), a união também é possível, relata o presidente do grêmio, Gabriel Brocca:
“Juntamos todo mundo de 1º a 3° ano para fazer uma conversa ampla sobre a reforma do Ensino Médio e a PEC 55, que congela os gastos em educação por 20 anos.”
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2) Se unir com outros movimentos da cidade

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Esta dica é essencial tanto nas cidades pequenas quanto nas grandes, para participar de eventos fora da escola. Em diálogo com outros movimentos, fica mais fácil se organizar e se locomover até os locais dos atos, ou no centro da cidade, ou em municípios próximos.
 “Aqui em Frederico Westphalen, cidade de 30 mil habitantes no Rio Grande do Sul, o pessoal costuma ser muito conservador. Mas ano passado juntamos 600 pessoas para um protesto importante. Isso porque procuramos afinidade entre organizações de universidades e movimentos de trabalhadores”, explica Dionatan Martins, presidente do grêmio do Instituto Federal Farroupilha na sua cidade.
Desde a greve geral, em março, eles têm mantido contato próximo. “A gente se conversa, sempre estamos em reunião, fazemos aulas públicas. Virou um movimento bem unificado e nossas ações e desenvolvimento ficam maiores assim”, comemora.
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3) Saber usar a comunicação

Para Cristian, presidente do grêmio da escola República do Peru, em Cotia, a comunicação tem um papel impressionante.
“Nós conversamos com todos os presidentes de grêmios, que conversam com cada representante de sala de suas escolas, que conversam com as pessoas de cada sala. E assim a informação se espalha muito rápido!”
Leticia Garcia, da Zona Leste de São Paulo, sugere se informar bem sobre protestos e eventos na página do Facebook, para ter certeza quais os assuntos em pautas, e acompanhar pelas redes sociais os movimentos e veículos que mais confie.
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4) Promover eventos e discussões

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“Cine debate, cine poesia e saraus são sempre boas ideias”, aposta Leticia Garcia, presidenta do grêmio do Dario de Queiros, em São Paulo.
“Exibir documentários e fazer conversas é uma ótima forma de fazer as ideias circularem e de ajudar as pessoas a criarem consciência crítica. E existem muito filmes bons disponíveis!”.
Dicas? “A Rebelião dos Pinguins”, “Acabou a Paz” e “Ocupa Tudo”, do Carlos Pronzato, por exemplo, ou o novo “Resistência”, de Eliza Capai.
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5) Criar atividades culturais

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Em Cotia, Cristian acredita muito na cultura como meio de expressão e comunicação. “Fazemos sempre saraus temáticos, como sobre homofobia. Também já montamos duas peças de teatro para exibir em uma praça da cidade. Uma mostrava uma mulher que sofria violência doméstica, denunciando o machismo, e outra fazia uma crítica ao [deputado Jair] Bolsonaro, ridicularizando as suas ideias”.
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6) Conhecer a cartilha dos grêmios

Para quem não conhece e ainda não tem articulação oficial na escola, Leticia indica a Cartilha de Grêmios da UBES: “Me ajudou muito no começo!”.
“Temos direitos e nem sempre sabemos. A gente tem direito, por lei, de ter uma sala para o grêmio, por exemplo. Também é legal procurar a entidade municipal da sua cidade para dar suporte”.
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QUEM DEU AS DICAS?

 Leticia Garcia, São Paulo (SP)
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Aluna do 2° ano, Letícia foi uma das lideranças durante a ocupação de sua escola no começo de 2016. Depois disso, os estudantes montaram um grêmio e a mobilização ficou ativa no Dario de Queiros, na Zona Leste de São Paulo. Eles conseguiram verba para arrumar muitas coisas na escola, como um muro caído. Mas ela diz que, apesar do governador Geraldo Alckmin negar que tenha ocorrido uma “reorganização” nas escolas, na sua unidade duas salas foram fechadas, ainda que não tenha vagas para novas matrículas. O período noturno também acabou extinto.
Hoje, Letícia está envolvida num processo para dar posse a novos diretores do grêmio e, assim, criar novas lideranças no colégio. “Precisamos formar mais gente, passar o bastão, pois o movimento não pode ficar apenas na mão de algumas pessoas”.
Dionatan Martins, Frederico Westphalen (RS)
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Durante a primavera secundarista de 2016, com a ocupação no campus de Frederico Westphalen do Instituto Federal Farroupilha, Dionatan e alguns colegas começaram a preparar eleições para o grêmio, reativado este ano. “Estamos reorganizando a sede, o estatuto, e nos preparando para nos filiar à UBES. Temos força dentro do campus e reconhecimento na cidade”.
Wynne Cristian, Cotia (SP)
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Antes de ser eleito para o grêmio da sua escola, a República do Peru, Cristian enfrentou uma tensão com a coordenação: “Eles queriam indicar quem seriam os estudantes que formariam o grêmio”. Hoje, o movimento estudantil tem seus direitos e está bem atuante, com organização de saraus, peças de teatro e participação nas manifestações da cidade.
Gabriel Brocca, Porto Alegre (RS)
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Uma das grandes lutas onde Gabriel estuda é mudar o nome da escola, que hoje faz homenagem a um ditador da época do regime militar, Costa e Silva. Os estudantes e alguns professores têm um movimento para chamá-la de Edson Luis, jovem morto pela polícia durante aquele período. Durante a ocupação da escola, em 2016, foi feita a mudança simbólica do nome. Recentemente, o grêmio organizou uma conversa com todos os estudantes do ensino médio e professores para falar sobre a reforma do Temer para o ciclo e sobre a PEC 55, aprovada pelo Congresso e que, na prática, vai congelar os investimentos do Brasil para a educação por 20 anos. “O papel dos grêmios estudantis é muito importante aqui em Porto Alegre para criar mobilização dentro das escolas e sair para as ruas”
- Fonte: UBES

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