Fabiana Costa, ex-vice presidente da UNE
Ex vice-presidente da UNE, Fabiana Costa, lança nesta quinta-feira (21) o livro “ProUni: o olhar dos estudantes beneficiários”, mostrando a nova realidade dos universitários brasileiros
Em 2003, a então estudante de Assistência Social da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Fabiana Costa, era vice-presidente da UNE. Durante a sua gestão foi uma das grandes entusiastas na formulação, junto ao Ministério da Educação, do Programa Universidade para Todos (ProUni), hoje o principal instrumento de inclusão dos jovens no ensino superior.
Quando deixou a UNE, em 2005, graduou-se e deu início ao seu mestrado pela PUC-SP. O acúmulo da militância no movimento estudantil levou Fabiana a transformar a sua experiência em uma tese sobre o programa que mudou o rumo da educação no Brasil. O estudo virou o livro “ProUni: o olhar dos estudantes beneficiários”, que será lançado na próxima quinta-feira (21), às 19h30, na Faculdade São Paulo (Av. Liberdade, 808).
“A UNE foi a minha escola e me deu a oportunidade de realizar a pesquisa com outro olhar, através da luta incansável em defesa da educação brasileira”, contou Fabiana em entrevista ao EstudanteNet.
O 1º Encontro Municipal dos Estudantes do ProUni de São Paulo, realizado em 2007 e organizado pela UNE, foi um dos apoios de pesquisa da autora, que permitiu enriquecer sua obra com informações dos estudantes bolsistas. “Não queremos mais desperdiçar as grandes mentes brasileiras excluídas dos bancos escolares!”, foi o lema do encontro, que debateu por meio de uma carta entregue ao ministro da Educação, Fernando Haddad, as limitações e as abrangências do programa.
Os avanços com o ProUni
Atualmente, Bia, como é conhecida, está cursando o doutorado e é presidente do Centro de Estudos e Memória da Juventude (CEMJ), entidade organizada por uma maioria oriunda de movimentos juvenis para trabalhar o tema juventude em sua abrangência.
Na dissertação de seu mestrado na PUC-SP, em 2008, ela resolveu apresentar um estudo sobre o programa e analisar, por meio de uma pesquisa, a política pública de melhoria para o ensino superior. A partir do olhar dos alunos bolsistas do ProUni, identificou como eles reconhecem o benefício e a oportunidade de acesso à educação universitária. Para a pesquisa, foram analisados os pontos de vista de beneficiários de oito instituições de ensino superior na capital de São Paulo.
Dessa forma, o livro traça uma análise da educação universitária da década de 1990 e as mudanças que, por meio das políticas públicas surgidas durante o governo do presidente Lula, estabeleceram a possibilidade de acesso dos jovens de baixa renda às universidades.
Um dos propósitos da obra é acabar com os mitos que ainda existem acerca do programa. “Mesmo com o sucateamento da educação na década de 1990, o ProUni surge em 2004 como uma força para garantir o acesso à universidade, mesmo via educação privada. Muitos pensam que as bolsas são uma transferência de dinheiro público para instituições privadas, porém, as bolsas são concedidas através de isenções fiscais que já fazem parte destas instituições há muito tempo”, afirma a pesquisadora.
Com uma vasta pesquisa sobre o perfil dos estudantes prounista, o livro mostra os avanços do programa, por exemplo, sobre o rendimento dos alunos bolsistas, hoje comprovado igual ou superior aos demais alunos. A inserção destes alunos nas cadeiras acadêmicas mostra que a maioria deles fazem parte dos primeiros universitários de toda uma geração. São filhos de pais que não tiveram oportunidade de cursar o ensino superior e, hoje, conseguem ver os filhos rumo a um caminho melhor, muitos estagiando e fazendo planos para o futuro.
E o filho do pedreiro vira doutor...
A democratização por meio do acesso à universidade enquanto política pública conseguiu, até o momento, abrir as portas das universidades para mais de 700 mil estudantes em todo o Brasil. O programa voltado às famílias que possuem renda familiar de até três salários mínimos por pessoa, só neste ano ofertou 241.273 bolsas de estudo entre integrais e parciais.
Vanderley Valentim, aluno do curso de Jornalismo da Universidade Paulista (UNIP), é uma prova de como o programa conseguiu mudar a vida de muitos brasileiros. Morador da cidade de Paraná, no estado de Rio Grande do Norte, o jovem terminou o ensino médio e se viu em um dilema. Mesmo com a vontade de continuar os estudos, a possibilidade de ingressar em uma universidade pública era remota, não só pela falta de unidades, mas também pela grande demanda e poucas vagas na região. Ele decidiu se inscrever no Exame Nacional do Ensino Méido (Enem) e tentar uma bolsa integral no ProUni.
“Foi um salto na minha vida conseguir a bolsa do ProUni. Mudou tudo. A partir da conquista do benefício, consegui almejar novos horizontes, desenvolver meus estudos e começar a pensar na minha entrada no mercado de trabalho”, conta o aluno prounista.
Lucrécia Lourenço Coutinho também estudou em escola pública. Seu pai é pedreiro e a mãe, faxineira. A bolsa que conquistou do ProUni para fazer o curso de Medicina foi uma vitória. Lucrécia se tornou, assim, a primeira integrante da família a fazer um curso universitário. Assista o depoimento da recém formada:
O que é o Prouni?
É um programa do Ministério da Educação, criado pelo Governo Federal em 2004, que oferece bolsas de estudos em instituições de educação superior privadas, em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, a estudantes brasileiros sem diploma de nível superior.
São oferecidos dois tipos de bolsas para os estudantes: a integral, para aqueles que possuem renda familiar, por pessoa, de até um salário mínimo e meio. E a bolsa parcial, de 50% para estudantes que possuam renda familiar, por pessoa, de até três salários mínimos.
Para se inscrever no ProUni, é necessário ter se submetido ao Enem e obtido a nota mínima de 400 pontos estabelecida pelo MEC. É preciso que o estudante tenha renda familiar, por pessoa, de até três salários mínimos e satisfaça uma das condições abaixo:
• ter cursado o ensino médio completo em escola pública, ou
• ter cursado o ensino médio completo em escola privada com bolsa integral da instituição, ou
• ter cursado todo o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e parcialmente em instituição privada, na condição de bolsista integral da respectiva instituição, ou
ser pessoa com deficiência, ou
• ser professor da rede pública de ensino básico, no efetivo exercício do magistério da educação básica, integrando o quadro permanente da instituição pública e concorrendo a vagas em cursos de licenciatura, normal superior ou pedagogia, destinados à formação do magistério da educação básica. Neste caso, a renda familiar por pessoa não é considerada.
Como adquirir o livro
Publicado pela Editora Michelotto em parceria com a CEMJ, o livro, com 124 páginas, está disponível para venda e pode ser adquirido por meio do site da Editora Anita Garibaldi. Fonte: site da UNE.
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