29 de outubro de 2010
Teologo e escritor, Leonardo Boff faz palestra na UNB-DF
Enquanto o princípio da competição prevalecer sobre o da cooperação, a vida no planeta vai continuar ameaçada pela ação do homem – até o fim de todas as espécies. O alerta foi dado pelo teólogo Leonardo Boff nesta quinta-feira, 28 de outubro, na UnB. “O sistema é o vilão do meio ambiente. Se não destruirmos o capitalismo, ele vai nos destruir”.
Segundo Boff, autor de 82 livros, o modelo onde o acúmulo de bens e o desenvolvimento a qualquer a custo ditam as regras tornou o planeta insustentável. “Há algum tempo tiramos da Terra mais do que ele pode repor. Por um raciocínio lógico, esse é o caminho para a catástrofe”, diz. “No capitalismo, onde tudo vira mercadoria, inclusive a natureza e o homem, a sustentabilidade não cabe”. Para ele, é preciso repensar o modelo de desenvolvimento.
Boff destaca os riscos do aquecimento global acelerado pela ação do homem. “A concentração de dióxido de carbono na atmosfera, fruto da corrida industrial e dos excessos que movem o sistema de produção de capital e de consumo, devem elevar a temperatura do planeta em 3º até 2040”. O cientista alerta que, até o fim do século, o aumento pode chegar aos 4º. “Nesse ponto já é possível que nenhuma espécie sobreviva”.
O premiado professor destaca que a Terra pode continuar sem os humanos, mas os humanos não sobreviverão sem a Terra. “Ocupamos 83% do planeta destruindo e desmatando a qualquer custo. Não podemos parar a roda, mas podemos diminuir sua velocidade”, disse. Segundo Leonardo, na atual conjuntura política, a mudança deve começar em cada indivíduo. “Repensar o modo de consumo é fundamental”.
Ao encerrar a palestra, Boff lançou uma provocação ao público que lotou o Ceubinho. “Que solo vamos pisar, que água vamos beber, que ar vamos respirar, que tipo de comida vamos comer daqui a 50 anos?”. Segundo ele, a situação se agrava pelo fato de o homem conhecer o caminho para reverter a situação. “O que vamos dizer aos nossos filhos e netos quando perguntarem: por que vocês não fizeram nada?!”.
Dilemas
Na opinião do coordenador da Rede Ecossocialista Brasileira, Pedro Ivo Batista, hoje não há nada mais revolucionário que o movimento ambientalista. “Até o movimento sindical tem como fim melhores salários”. Assim como Boff, ele afirma que o modelo capitalista não tem condição de dar suporte aos dilemas ambientais. “A defesa da natureza em um sistema onde tudo possui um valor de troca é um desafio. É preciso flexibilidade dos governos para inserir de vez a sutentabilidade na política”.
Às vésperas do segundo turno das eleições, o ministro da Cultura, Juca Ferreira, destacou a importância de os governos incorporarem a questão das sustentabilidade. “Isso exige grandes esforços, pois envolve a quebra de paradigmas. O ciclo de desenvolvimento depende cada vez mais de recursos que agravam cada vez mais a situação do planeta”. Um dos fundadores do Partido Verde, Juca ressalta que a ecologia não é apenas uma questão técnica, mas de valores. “O meio ambiente começa no meio da gente”.
“A universidade deve contribuir com o debate politico nos temas que de fato interessam ao Brasil, como sustentabilidade, democracia e justiça social”, comentou via Twitter o presidente da UNE, Augusto Chagas, após o evento. Para ele a realidade ambiental apresentada remete apenas em uma escolha.“A conclusão de todos aqui é que Dilma é a única alternativa para aprofundar as mudanças no Brasil!”.
Confira abaixo o vídeo da palestra:
Fonte: site da UNE
Nenhum comentário:
Postar um comentário