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domingo, 17 de outubro de 2010

PV E MARINA ANUNCIAM NEUTRALIDADE NO SEGUNDO TURNO


Foto: Agência Estado. O presidente nacional do PV, José Luiz Penna, discursa durante a convenção do partido em São Paulo.  Assim como Marina, , ele também defendeu a neutralidade da sigla.

Foto: Agência do Estado.  A senadora Marina Silva durante a leitura da carta onde defende sua neutralidade no segundo das eleições, durante convenção do PV em São Paulo.
Terceira colocada no primeiro turno da eleição presidencial, senadora verde critica PT e PSDB ao anunciar sua decisão
Rodrigo Rodrigues, iG São Paulo
17/10/2010 14:21
Mudar o tamanho da letra: A+ A- O Partido Verde decidiu na tarde deste domingo que ficará neutro no segundo turno da eleição presidencial. A decisão foi tomada em convenção da sigla realizada em São Paulo. Dos cerca de 92 delegados presentes com direito a voto, apenas quatro se manifestaram contra a neutralidade, em favor do apoio a um dos dois candidatos.

Terceira colocada no primeiro turno da eleição, a senadora Marina Silva (PV-AC) manifestou-se lendo uma carta aberta direcionada aos candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Marina disse que optou por esse caminho em “respeito ao povo brasileiro” e fez duras críticas à forma como os dois presidenciáveis tem encaminhado as discussões políticas nesse segundo turno:

A senadora Marina Silva durante a leitura da carta onde defende sua neutralidade no segundo das eleições presidenciais, durante convenção do PV em São Paulo

“É irônico que dois partidos como PT e PSDB, que foram criados como contraponto a dualidade de MDB e Arena, hoje tenham se deixado capturar pela armadilha do passado. Paradoxalmente, PT e PSDB hoje são fiadores do conservadorismo remitente, que atropelam ideais e utopias”, disse a senadora.

Marina também criticou o discurso religioso dos dois partidos na campanha e disse que não se pode usar a fé como “perversão da política”. “É a atitude de vocês, mais que o resultado das urnas, que pode melhorar o modo de fazer política no Brasil”, declarou ela, citando os dois candidatos à presidência da República.

A carta elogia a biografia de Dilma e Serra, mas também pontua a falta de compromisso do PT e do PSDB com debate de propostas, voltando a criticar com dureza as "alianças incoerentes" dos dois partidos neste segundo turno. "Arma-se o eterno embate e na armadilha das alianãs, prende-se a sociedade brasileira, constrangida a ser apenas torcida, quando deveria ser protagonista, ao optar por pacotes políticos", destacou a senadora.

Apoios regionais

Apesar de já terem se declarado favoráveis à Serra e Dilma, respectivamente, os deputados Fernando Gabeira e Zequinha Sarney também preferiram a indepedência do partido para preservar as alianças regionais da sigla. Com a decisão de hoje, os filiados da legenda poderão subir no palanque dos dois presidenciáveis, mas não poderão usar bandeiras ou símbolo do partido, sob condição até de serem punidos com a desfiliação.

Leia a íntegra da carta que Marina Silva enviará a Dilma e Serra

O PV também decidiu que as lideranças nacionais e executivas, como o presidente nacional e seu vice, José Luiz Penna e Alfredo Sirkis, não poderão abrir o voto deles. O entendimento é que a manifestação poderia confundir o eleitor. Assim como eles, os presidentes regionais da sigla no Rio, São Paulo e Minas também no poderão manifestar apoio público para presidência da República.

Desagravos

Embora a posição de neutralidade tenha sido quase unânime na convenção, o professor José Eli da Veiga, da Unicamp, um dos mais importantes acadêmicos que ajudou a construir o plano de governo de Marina deixou o local contrariado. Ele concordou com a posição de neutralidade, mas se disse favorável a uma "objeção de consciência", onde o partido declararia voto nulo ou a abstenção nas eleições. 

O presidente nacional do PV, José Luiz Penna, discursa durante a convenção do partido em São Paulo. Assim como Marina, ele também defendeu a neutralidade da sigla

O acadêmico considera um " enorme retrocesso" o atual debate eleitoral baseado em convicções religiosas e diz que a independência não dá contra da gravidade do problema que o Brasil enfrenta e se isenta de uma posição de fato contrária ao atual momento político.

"A carta da Marina é boa, mas tem o equívoco enorme. Tudo que ela diz lá são argumentos mais que necessário para fazermos um apelo para a objeção de consciência, não pela independência, que sugere que a decisão do eleitor seja pelo candidato mais simpático. O momento do Brasil é grave e tenho a impressão que o PV não percebeu isso", avaliou Veiga.
2014
A posição de neutralidade do PV foi tida por alguns representantes do partido como o primeiro passo para a candidatura de Marina em 2014. Embora a senadora tenha negado que tenha qualquer intenção nesse momento de se candidatar novamente, nos discursos os aliados da senadora já começaram a trilhar o caminho para a futura candidatura.

A pastora Valnice Milhomens, da Assembléia de Deus, justificou a posição de neutralidade da seguinte forma: "Pender para direita ou para a esquerda é interromper o caminho que precisa ser palmilhado rumo a 2014, com Marina presidente", discursou.

Da mesma forma, o candidato derrotado ao Senado por São Paulo, Ricardo Young, disse que Marina é a única liderança política nacional após o fim do governo Lula. "Marina Silva é a única alternativa viável de poder nesse momento. Aécio Neves (PSDB-MG), Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ou Eduardo Campos (PSB-PE) são fenômenos regionais e comprometidos com esse modelo que está aí. O desafio do PV agora é maturar essa liderança para chegar em 2014 como verdadeiro partido de participação popular", afirmou Young. Fonte: IG.

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