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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

103 ANOS DE NIEMEYER, UMA HISTÓRIA COM O BRASIL E COM OS ESTUDANTES BRASILEIROS

O arquiteto que desenhou Brasília e que chegou aos 103 anos de idade nesta quarta, 15 de dezembro, contribuiu em um dos mais significativos momentos da história da UNE e da UBES: a volta para casa

Difícil escolher um exemplo, uma obra ou projeto, uma ideia ou revolução projetada da mente do arquiteto Oscar Niemeyer para servir de explicação ao seu relevo e importância na conformação do Brasil atual. O arquiteto que desenhou Brasília e que alcançou os 103 anos de idade nesta quarta-feira, 15 de dezembro, esteve presente em incontáveis momentos marcantes da recente história nacional. Dentre esses, o portal Estudantenet escolheu para contar o envolvimento do arquiteto com a volta das entidades estudantis UNE e UBES para sua casa, no terreno da Praia do Flamengo 132, Rio de Janeiro.

Na próxima segunda (20), serão inauguradas as obras do projeto que Niemeyer desenhou especialmente para os estudantes e que servirá ao novo prédio das entidades no local. A atitude do arquiteto em presentear o movimento estudantil com seus inestimáveis traços foi, na verdade, uma das motivações para os jovens retomarem o terreno no dia 1º de fevereiro de 2007, 43 anos depois do prédio original ter sido invadido e incendiado pela ditadura militar.

Logo após a reocupação, as entidades montaram ali um acampamento, conseguiram reaver a posse do terreno na justiça e, mais recentemente, conseguiram a aprovação de um projeto de lei no Congresso que responsabiliza o estado brasileiro pela destruição da antiga sede, durante a ditadura, e permite a indenização para reconstrução do novo prédio.

Encontros com o "Amigo Oscar"
Apesar da idade avançada, Niemeyer nunca deixou de se envolver com os movimentos progressistas, jovens ou de transformação social. A proximidade com o movimento estudantil foi, dessa forma, alcançada naturalmente, em encontros nos quais foi inclusive chamado amigável e simplesmente de “Oscar”. O primeiro deles foi no ano 2000, quando o então presidente da UNE Wadson Ribeiro procurou o arquiteto pessoalmente para lhe pedir o projeto.

Seis anos antes, a UNE tinha ganhado de volta a escritura do terreno do então presidente da república Itamar Franco, mas ali permaneceu funcionando um estacionamento clandestino. Niemeyer atendeu o pedido e desenhou uma primeira versão do novo prédio.

Em 2007, após a retomada do terreno, os estudantes voltaram a ser recebidos pelo arquiteto, no ano de seu centenário e do aniversário de 70 anos da UNE. O primeiro encontro foi no mês de maio e estavam presentes o presidente da entidade Gustavo Petta, o presidente da UBES Thiago Franco e o coordenador da 5ª Bienal da UNE, ocorrida naquele ano, Tiago Alves.

Uma outra reunião aconteceu em agosto daquele mesmo ano. Niemeyer reformulou o projeto, para atender às demandas que os estudantes teriam com o novo espaço. A proposta foi refeita incluindo uma biblioteca, treze andares, um teatro e um museu de memória do movimento estudantil. Nesse encontro estava presente a presidente da UNE Lúcia Stumpf, que tomaria posse no mesmo dia e prometeu empenho na viabilização do projeto.

Em 2010, um encontro inusitado aconteceu entre o arquiteto e o presidente da UNE Augusto Chagas, no Rio de Janeiro. Em meio a um jantar de família, os dois conversaram sobre o processo de reconstrução, que teve passos importantes nesse ano. “Agradeci a ele a paciência e disse ainda que a UNE sentia orgulho de tê-lo como parceiro e ele me respondeu que isto era gentileza minha.” Contou Augusto em entrevista ao EstudanteNet.

Os encontros entre a UNE e a UBES com Oscar Niemeyer provavelmente não acabaram. O espírito de longevidade do arquiteto e de gratidão das entidades estudantis deverão proporcionar novos capítulos para essa história. Por enquanto, essa relação estará sacramentada na pedra fundamental do novo prédio, que cita e agradece a Niemeyer e que será inaugurada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva no próximo dia 20. Fonto acima: Presdiente da UNE, Augusto Chagas e Oscar Niemeyer.

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