Os estudantes voltam definitivamente para o local chamado "a cada do poder jovem". Uma homenagem também aos ex-presientes das entidades e lideranças estudantis para celebrar a conquista de gerações
Na próxima segunda-feira, dia 20 de dezembro, às 16h, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará o terreno da antiga sede da UNE e da UBES, na Praia do Flamengo, 132, no Rio de Janeiro Ele estará acompanhado do governador do Rio Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes . O espaço abrigou o prédio da UNE e UBES até 1964, quando foi invadido e incendiado pela ditadura, sendo posteriormente derrubado. Em 2007, os estudantes recuperaram o terreno.
Lula, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes participarão do ato de lançamento da pedra fundamental que dará início à construção do novo prédio das entidades estudantis. “É uma data especial para os estudantes brasileiros. Esperamos muito tempo para podermos colocar de pé novamente essa que já foi chamada de ‘a casa do poder jovem’ e a ‘casa da resistência democrática’”, falou ao EstudanteNet o presidente da UNE, Augusto Chagas.
"A reconstrução da sede, no Rio de Janeiro, nada mais é, do que uma reparação histórica do que foi feito com as entidades estudantis nos tempos da ditadura. Nada mais correto do que o Estado brasileiro, na imagem do presidente Lula, na segunda-feira, devolver às entidades esse espaço de debate e de construção da democracia", pontua o presidente da UBES, Yann Evanovick.
No dia 21 de junho deste ano, a lei 12.260, aprovada por unanimidade no Congresso Nacional, reconheceu a responsabilidade do Estado Brasileiro pelo incêndio e demolição da antiga sede.
Praia do Flamengo, 132
O prédio foi doado aos estudantes em 1942, pelo então presidente Getúlio Vargas. Até o golpe de 1964, o endereço foi palco de importantes lutas nacionais como a campanha “O Petróleo é Nosso”, que precedeu a criação da Petrobrás. Foi lá também que, nos anos 60, Vianinha, Ferreira Gullar, Cacá Diegues, junto de outros artistas e intelectuais, fundaram o CPC da UNE, referência para o movimento cultural estudantil. O prédio foi demolido pela ditadura na década de 80 e, mais tarde, o terreno foi invadido por um estacionamento clandestino.
A entidade recuperou sua casa no dia 1º de fevereiro de 2007, após manifestação histórica pelas ruas da capital carioca, quando milhares de jovens de todas as regiões do país chegaram ao local, derrubaram o portão e armaram um acampamento por alguns meses. O acampamento recebeu a visita de personalidades da política, cultura e outros conhecidos e anônimos que declararam apoio à campanha “UNE de volta para casa”. Posteriormente, os estudantes conseguiram reaver a posse do terreno na justiça e depois a aprovação do projeto de lei da reconstrução.
Oscar Niemeyer assina
A nova sede da UNE já vem marcada pelos traços de um dos maiores arquitetos do mundo. O carioca Oscar Niemeyer presenteou a entidade com o projeto de um Centro Cultural. O prédio esboçado por suas mãos (foto) terá 13 andares e nele serão construídos o Museu da Memória do Movimento Estudantil e o teatro dos estudantes.
Painel homenegeará Honestino Guimarães
No lançamento da pedra fundamental da construção da nova sede, uma homenagem a todos que lutaram contra a ditadura militar será erguida na entrada. Para representar todos esses jovens, homens e mulheres que se entregaram na luta pela democracia brasileira, será inaugurado um enorme painel do herói Honestino Guimarães, estudante e ex-presidente da UNE, desaparecido político até dos dias de hoje. Honestino foi quem segurou a entidade no período mais difícil do regime de exceção, após a instauração do Ato Institucional número 5 (1968), época de perseguições, torturas e mortes de muitos jovens. O painel mostra uma conhecida foto de Honestino, registrada no livro “O Poder Jovem” de Arthur Poerner.
Exposição Memória do Movimento Estudantil
Para celebrar o início das obras, haverá também a reedição da Exposição “Memória do Movimento Estudantil”. Estarão expostos no terreno painéis que contam a história da mobilização de universitários e secundaristas, desde a criação do Conselho Nacional de Estudantes, em 1937, até hoje.
Os banners, com mais de dois metros de altura, estão dispostas numa espécie de "linha do tempo", com registros de fatos importantes da história do Brasil. São momentos marcantes que mostram a participação dos estudantes em campanhas como "O Petróleo é Nosso", da década de 50; na luta contra o regime militar, durante os anos 60; e no levante dos caras pintadas durante o "Fora Collor", em 1992.
A exposição integra o Projeto Memória do Movimento Estudantil, realizado em parceria com a Petrobrás, o Museu da República e a Fundação Roberto Marinho. Ainda estão previstos para este ano o lançamento de um livro e dois documentários para completar o registro do acervo.
Da Redação-UNE
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