O passo a passo das bienais ao longo desses 11 anos, uma ousadia que se tornou o maior festival estudantil evento da América Latina
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A 7ª Bienal da UNE dá início, em 2011, à uma fascinante viagem pelos meandros de um importante instrumento de integração social: o samba. Ao longo de 11 anos, desde que surgiu em 1999, as bienais já pautaram temas importantes que casam com as lutas do movimento estudantil, como a herança africana na cultura do país, os vínculos do Brasil com a América Latina, a cultura popular e as raízes de formação do povo brasileiro.
O histórico das Bienais da UNE remonta o próprio percurso da produção artística juvenil ao longo dos anos no Brasil - como se eles interligassem, encontrassem e se confundissem. O Centro Popular de Cultura (CPC), organizado pela entidade na década de 60, por exemplo, é um dos mais bem sucedidos movimentos que revolucionaram a cena artística brasileira.
O CPC, criado no início da década de 1960, no Rio de Janeiro, reunia artistas de distintas procedências: teatro, música, cinema, literatura, artes plásticas etc. O eixo do projeto do CPC se definia pela tentativa de construção de uma "cultura nacional, popular e democrática", por meio da conscientização das classes populares. Participaram do CPC nomes como Cacá Diegues, Ferreira Gullar, Vianinha, entre outros. O golpe militar de 1964 trouxe consigo o fechamento do movimento, a prisão e o exílio político de artistas e intelectuais.
De lá para cá, as questões políticas que envolveram as entidades estudantis - a repressão, a clandestinidade e a reorganização - determinaram um período de instabilidade das atividades culturais ligadas aos estudantes. O trabalho cultural da UNE foi retomado com vigor quando foi criada a primeira Bienal da UNE, em 1999.
"A realização da Bienal foi aprovada no Congresso, no meio de várias realizações. Na verdade, ninguém acreditava muito que sairia do papel. Mas tínhamos na gestão a convicção de que a UNE precisava se modernizar, inaugurar novas formas de comunicação, novas linguagens no contato com os estudantes brasileiros e, para isso, nada melhor do que retomar sua identidade com a cultura nacional. O cenário era de ofensiva neoliberal, um momento difícil. Costumo dizer que a Bienal foi um belo ato de irresponsabilidade que deu certo. Não tínhamos dinheiro, não tínhamos um conteúdo claro, não tínhamos apoio de nada nem de ninguém, mas decidimos, fomos lá e fizemos", conta o presidente da entidade na época, Ricardo Cappelli, o primeiro a realizar uma bienal.
A ideia das bienais deu início à realização de um ousado projeto de resgate do trabalho cultural do movimento estudantil que havia se dissipado ao longo dos anos. A partir dessa data, houve a conscientização da possibilidade de se desenvolver um movimento cultural organizado, levado adiante pela juventude universitária.
Após longa trajetória e seis edições no currículo - todas realizadas com êxito e atraindo mais de 10 mil estudantes - o maior encontro artístico juvenil da América Latina chega a sua 7ª edição.
Abrangendo todas as áreas da produção cultural como música, cinema, teatro, arte digital, literatura e artes visuais, essa edição terá programação voltada para a reflexão do tema "Brasil no estandarte, o samba é meu combate". O propósito é realizar um amplo debate acerca das relações que vão muito além da história musical do país.
"Eu sempre dizia que o principal objetivo da 1ª Bienal era acontecer a 2ª, é que não fosse um evento, mas o início de um novo movimento. Hoje, olhando as edições posteriores e os CUCAs vejo que obtivemos um grande êxito", brinca Cappelli.
A 7ª Bienal celebra os 10 anos do Circuito Universitário de Cultura e Arte, o CUCA da UNE, criado a partir da 2ª Bienal, em 2001. Mais do que ser uma experiência semelhante aos antigos CPCs, o CUCA surgiu como instrumento de valorização da cultura nacional dentro das universidades. Nasceu da necessidade de se criar um mecanismo para manter a produção cultural dos estudantes articulada no espaço de tempo entre uma bienal e outra.
Em pleno funcionamento, com atividades permanentes e programação fixa, os CUCAs existentes no país fomentam com vigor um movimento cultural organizado dentro das universidades. Essa rede interliga a ação entre os diversos grupos artísticos instalados nessas instituições e estimula a participação dos jovens na elaboração de políticas públicas para a cultura e na discussão sobre a democratização dos meios de produção, misturando formas e cores, sons, jeitos e expressões de todo o Brasil. Fonte: site da UNE.
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