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sábado, 4 de junho de 2011

MORADORES DA CASA DO ESTUDANTE DA UNB SÃO PRESOS APÓS CONFLITO COM SERVIDORES QUE DESMONTAVAM APARTAMENTOS

Rayanne Portugal - Eu Estudante - Correio Braziliense.

Dois alunos moradores da Casa do Estudante Universitário (CEU) da Universidade de Brasília (UnB), o calouro Heitor Claro da Silva, 24 anos, e David Wilkersson Silva Almeida, de 23 anos, foram presos na manhã desta sexta-feira, por volta das 10h. Eles estão detidos na 2ª DP da Asa Norte. Os dois jovens foram acusados de terem ateado fogo em um contêiner de lixo da UnB. O terceiro, José Francisco Rodrigues, 30 anos, formado, foi liberado depois de comprovação da inocência.

Assista aos videos do conflito entre moradores da casa dos estudantes universitarios e policiais, gravados pelo morador Fábio Martins, por volta das 7h da manhã desta sexta-feira(3/6).

O prazo para a desocupação dos dois prédios da CEU venceu em 27 de abril para que seja feita uma reforma no local. Cada um tem 46 apartamentos e 15 alunos ainda permanecem no local de forma irregular. De acordo com a denúncia, os estudantes discutiram com os servidores que estavam trabalhando no local desde segunda-feira e colocaram fogo numa lixeira da universidade. Os jovens, por sua vez, afirmaram que a presença dos servidores tinha o objetivo de pressionar os moradores que ainda estão na CEU a deixar os apartamentos.

Segundo Gleysiele Barborsa, 24 anos, aluna de física, as reformas na CEU são um jeito da universidade pressionar os alunos que ainda não conseguiram sair de lá e ela questiona: "Por que eles estão com tanta pressa, se ainda não tem sequer uma empresa licitada para a reforma?".

Depois da discussão com os servidores, a segurança do câmpus foi chamada. Mas os estudantes teriam desacatado os seguranças e se recusado a apagar o fogo do contêiner. Nesse momento, a PM foi chamada. Houve acusação de ambos os lados e segundo os rapazes, a polícia chegou de forma truculenta à universidade.

O diretor do Diretório Central dos Estudantes (DCE) Bruno Borges acompanha o caso na 2ª DP. Segundo ele, o advogado acionado pelo DCE “está averiguando se houve agressão dos policiais que chegaram ao local duas horas depois da confusão para prender os rapazes. A polícia chegou arrombando o apartamento e não se preocupou em mediar a briga”. Os alunos seguirão para o Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame de corpo delito para confirmar se houve agressão dos policiais.

Já o decano de Assuntos Comunitários, Eduardo Raupp, afirma que não houve pressão para que os estudantes saíssem, e que o Decanato está tentando negociar com os últimos moradores que se recusam a sair. “Pelo cronograma da reforma, os servidores precisavam estar lá começando os trabalhos e retirar os materiais reaproveitáveis. Lamento que, por causa de 15 alunos que se recusam a sair, os outros mais de 200 fiquem prejudicados por terem que aguardar mais tempo pela reforma”, completa.

A desocupação da CEU tem sido motivo de conflitos entre a administração da universidade e os estudantes desde que foi anunciada. O problema tem sido as alternativas oferecidas pela UnB para abrigar e custear transporte a alimentação desses moradores enquanto duram as obras. A previsão inicial é de que a reforma dos 92 apartamentos de cerca de 60 metros quadrados só seja concluída em junho de 2012. Segundo a própria UnB, as obras custarão em torno de R$ 7 milhões. Já os recursos para custear o auxílio-moradia, cerca de R$ 1,5 milhão, virão do Plano Nacional de Assistência Estudantil, do Ministério da Educação.

Os alunos em situação irregular explicam que não conseguem sair do local ainda e estão à procura de lugar. Alguns moradores, inclusive já saíram de lá e voltaram por falta de condições.

Os estudantes foram acusados por incêndio, desacato ao servidor público e ameaça e podem pegar de 3 a 6 anos pelo incêndio, 6 meses a 2 anos por desacato e de 14 a 6 meses por ameaça.

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