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sábado, 4 de junho de 2011

DIPLOMA FINANCIADO

Fabio Monteiro e Larissa Garcia
Carlos Silva/Esp./CB/D.A Press

A estudante de medicina Luana Dantas Barbosa precisou vender o carro para pagar a taxa de inscrição

Bancos ajudam a sustentar o avanço do número de matrícula sem cursos superiores no país. A procura também é estimulada pela crescente exigência demão de obra qualificada

A oferta de crédito tem ajudado a sustentar o expressivo avanço no número de estudantes de ensino superior. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (Inep) calcula que mais de 800 mil pessoas se graduaramem 2009. Destes, 639 mil estudavam em instituições privadas. Como universidades e escolas técnicas públicas não têm capacidade para atender à grande procura dos interessados em ampliar sua escolaridade, o setor privado é a alternativa. Mas as altas mensalidades impedem o acesso das pessoas que não têm condições de pagar. Para muitos, resta apenas recorrer aos créditos universitários, nos quais uma instituição financeira paga o valor integral das mensalidades enquanto o aluno ainda está cursando.

Um dos caminhos mais procurados é o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies). O programa apoia a graduação de matriculados em instituições privadas.No ano passado, 74 mil estudantes ingressaram em cursos superiores com o auxílio do fundo, conforme levantamento da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC). Atualmente, 480 mil contratos do Fies estão em vigência. Em 2010, o programa ofereceu cerca de R$ 450 milhões— o maior valor movimentado desde sua criação, em1999.

A facilidade de pagamento é uma das principais explicações para o expressivo número de integrantes do programa. As taxas de juros já não assustam os interessados no financiamento e têm ficado cada vez mais atraentes. No começo, a Caixa Econômica Federal, único banco que realizava o financiamento—cobrava juros anuais de 9%. Em 2006, a estatal reduziu os encargos para 6,5% e, no ano passado, houve nova redução, para 3,4%.

Carência ampliada

Este ano foramdivulgadas novas regras de adesão ao programa. Uma das principais novidades é que não há prazo para se inscrever e a solicitação de financiamento pode ser feita em qualquer período do ano.Oprazo de carência foi ampliado para três semestres e o prazo de amortização, empagamentos periódicos, aumentou de uma vez e meia o tempo do curso para três vezes mais 12 meses. Para um curso de quatro anos, por exemplo, o período de amortização chega a 13 anos.

Com taxas mais favoráveis do crédito universitário, Luana Dantas Barbosa, 28 anos, realizou o sonho de se matricular no curso de medicina. “Meu objetivo era passar numa faculdade federal, por conta do preço. Pagaria quase R$ 4 mil por mês para estudar e ia pesar muito lá em casa”, explica. Contudo, o financiamento cobre só as mensalidades. Eventuais custos, como taxa de matrícula, costumam ficar por conta do aluno. “Tive que vender o carro para pagar a matrícula”, lamenta.

Apesar disso, a universitária garante que o financiamento é um bom negócio. “Os juros são bem baixos e eu não tenho medo de ficar sem emprego depois de me formar, já que a minha profissão tem grande demanda”, diz. Luana constata que muitos de seus colegas só conseguem cursar o ensino superior graças às facilidades de pagamento. “Conheço muita gente que só está em uma sala de aula por causa da ajuda. Na minha sala, cerca de 20 pessoas já utilizaram o benefício”, revela.

Outra linha popular de financiamento universitário é o crédito “Pravaler”, gerido pela Ideal Invest. O financiamento, conveniado com quatro instituições privadas do Distrito Federal e outras 170 no país, tem como principal vantagem o pagamento de mensalidades atrasadas por pessoas que já estão no curso superior. Segundo o diretor executivo do grupo, Carlos Furlan, a crescente exigência por mão de obra qualificadaimpulsiona as matrículas no ensino particular. “O que falta ao estudante é segurança”, resume.

Dica é fazer contas antes

Apesar das facilidades, alguns cuidados são fundamentais. Para evitar futuras dores de cabeça, é recomendado que os estudantes se certifiquem do valor total do financiamento antes de contratá-lo e façam uma pesquisa para verificar se a média salarial da carreira referente à graduação oferece condições suficientes para pagar o empréstimo no futuro.

A estudante de comunicação social Nara Silva, 25 anos, precisou da ajuda dos familiares antes de contratar o crédito universitário. “Solicitei o financiamento quando me encaixei em algumas exigências da época, como estar na metadedocurso. A faculdade aumentou as mensalidades durante o curso e estava bem apertado para continuar”, lembra. Apesar do crédito, ela não acha que fezbomnegócio. “Quando contratei, achei que seria muito bom, mas agora as mensalidades têm me prejudicado um pouco, porque é muito caro. Talvez devesse ter trancado o curso e voltado quando tivesse condições”, analisa.

Bolso apertado

A Ideal Invest calcula que 69% de seus novos alunos não teriam condições de pagar as mensalidades de uma faculdade particular. No ano passado, cerca de 15 mil estudantes estavam inscritos no programa. Para 2011, a expectativa é de aumento no número de beneficiados. “Esperamos ter aproximadamente 20 mil alunos utilizando nosso financiamento”, afirma o diretor executivo do grupo, Carlos Furlan.

Geralmente, a documentação requerida pelas instituições que financiam o ensino superior são declarações de escolaridade do aluno, comprovantes de residência e documentos pessoais. É preciso, também, comprovar renda que garanta o pagamento das mensalidades. (FM e LG)

Condições para o empréstimo

Para se candidatar a receber recursos do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), o estudante precisa ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e deve estar matriculado em qualquer instituição de ensino privado participante do programa, cuja avaliação no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) seja positiva. O benefício vale para um único curso, com matrícula regular. Durante o curso, o aluno não pode trancar ou interromper os estudos. Todas as regras do Fies podem ser consultadas no site. O portal oferece um simulador para que o estudante verifique qual será o valor da mensalidade cobrado após o período de carência. Com isso, é possível fazer um planejamento mais próximo da realidade em relação ao mercado do curso
Fonte: Eu Estudante/Correio Braziliense.

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