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terça-feira, 29 de abril de 2014

MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL

A manifestação ou o protesto, da forma como todos nós temos acompanhado nas últimas semanas em nosso país, expressa uma reação de caráter público onde os manifestantes se organizam com o objetivo de terem suas opiniões ouvidas em uma tentativa de influenciar a política de governo.
A recente onda de protestos no Brasil foi desencadeada quando os governos de São Paulo e do Rio de Janeiro decidiram aumentar a passagem de ônibus em R$ 0,20. A população logo se uniu e tomou as ruas para protestar contra o aumento que, segundo os manifestantes, não está ligado ao valor da passagem, que passaria para R$ 3,20, mas sim com o transporte e os serviços públicos caóticos do país.
Vídeos e fotos mostraram que a maior parte do movimento era pacífico, com isso outros brasileiros foram para as ruas e apoiaram os protestantes. A população passou a questionar: como assim o país gasta tanto com uma Copa do Mundo e não tem boas escolas, ou hospitais de qualidade? As manifestações tomaram as ruas das principais capitais e repercutiram também no exterior.
E não é de hoje que o brasileiro vai a luta por seus direitos, por um país mais democrático e cidadão. Em alguns momentos da história do nosso país, atos como estes já se repetiram.
1922 – PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
A monarquia existiu no Brasil de 1822 a 1889. Porém algumas crises como a censura, a interferência de D. Pedro II nas questões religiosas e o fortalecimento do movimento republicano, desencadearam muita insatisfação. Num movimento mais elitizado, a população da época uniu-se a Marechal Deodoro da Fonseca, que após um golpe militar, instaurou a Proclamação da República no dia 15 de novembro de 1889, na então capital do Brasil, Rio de Janeiro. Naquele momento surgiu a República Federativa e Presidencialista no nosso país, sendo o próprio Marechal da Fonseca quem assumiu a primeira presidência.
1964 – GOLPE MILITAR
Naquele ano, um comício foi organizado pelo presidente do Brasil, João Goulart, no Rio de Janeiro e serviu como estopim para o golpe. Foi neste cenário que depois de um encontro com trabalhadores, João Goulart foi deposto e teve que fugir para o Rio Grande do Sul e, em seguida, para o Uruguai. Desta maneira, o Chefe Maior do Exército, General Humberto Castelo Branco, tornou-se presidente do Brasil. As principais cidades brasileiras foram tomadas por soldados armados, tanques, jipes, entre outros. O golpe militar de 1964 foi amplamente apoiado à época e um dos motivos que conduziram o manifesto foi uma campanha, organizada pelos meios de comunicação, para convencer as pessoas de que o presidente levaria o Brasil a um tipo de governo comunista, algo que a população considerava inadmissível.
1984 – DIRETAS JÁ!
Um movimento político democrático com grande participação popular, no qual o principal objetivo era estabelecer as eleições diretas para presidente da República do Brasil.
Inflação alta, grande dívida externa e desemprego, expunham a crise do sistema. Os militares, ainda no poder, pregavam uma transição democrática lenta, ao passo que perdiam o apoio da sociedade, que insatisfeita, queria o fim do regime o mais rápido possível.

Durante o movimento ocorreram diversas manifestações nas cidades brasileiras.
Depois de duas décadas intimidada pela repressão, o movimento das “Diretas Já” ressuscitou a esperança e a coragem da população. Além de poder eleger um representante, a eleição direta sinalizava mudanças também econômicas e sociais. Lideranças estudantis, da UNE (União Nacional dos Estudantes), sindicatos como a CUT (Central Única dos Trabalhadores), intelectuais, artistas e religiosos reforçaram o coro pelas “Diretas Já”.
Em 25 de abril de 1984, a emenda constitucional das eleições diretas foi colocada em votação. Porém, para a desilusão do povo brasileiro, ela não foi aprovada. As eleições diretas para presidente do Brasil só ocorreram em 1989, após ser estabelecida na Constituição de 1988.
1992 – IMPEACHMENT
Após muitos anos de ditadura militar e eleições indiretas, uma campanha popular tomou as ruas para pedir o afastamento de Fernando Collor de Melo do cargo de presidente. Acusado de corrupção e esquemas ilegais em seu governo, a campanha “Fora Collor” mobilizou muitos estudantes que saíram às ruas com as caras pintadas para protestar contra o presidente corrupto.  No dia 29 de setembro de 1992 cerca de 100 mil pessoas acompanharam a votação do impeachment de Collor em torno do Congresso, o qual foi aprovado tendo 441 votos favoráveis e apenas 38 contrários. Fernando Collor correu para renunciar e não perder seus direitos políticos, mas já era tarde. Mesmo renunciando, o presidente foi caçado e impedido de concorrer em eleições por muitos anos. Era a conquista do movimento “Fora Collor” que representou a grande pressão exercida pela população.
2013 – PROTESTOS
Considerada a maior das últimas décadas, as atuais manifestações abrangem grande parte das cidades brasileiras e considera-se que resultam do fato de que os cidadãos “caíram na realidade”. Um ato que começou no dia 06 de junho, devido os altos valores das passagens dos transportes públicos, hoje inclui novas bandeiras, como a luta por um país com melhor qualidade de vida, principalmente nos setores de educação e saúde, fim da violência policial e da corrupção, apuração nos gastos das obras da Copa do Mundo, entre outros fatores que têm causado insatisfação geral.
Seguidos de protestos diários, até o momento 12 prefeitos das principais capitais do país já baixaram os preços das tarifas das passagens.
Segundo estudo do DataFolha, 84% dos participantes dos manifestos não têm preferência por qualquer partido político, 71% estão pela primeira vez num protesto e 53% têm menos de 25 anos. Os dados mostram também um maior peso de estudantes e de pessoas com ensino superior.
O Facebook e a Internet tiveram um papel importante, 81% das pessoas souberam da manifestação pela rede social e 85% pesquisaram informações em sites.
Maringá
Os manifestantes também saíram às ruas no interior dos estados. Em Maringá três protestos foram realizados em menos de uma semana. Alguns dos cartazes mostravam a indignação que moveu milhares de pessoas a uma marcha sem líderes, sem politicagem e sem violência.

Na terça-feira (18), durante a manifestação pelas ruas de Maringá, um grupo de aproximadamente 300 pessoas invadiu a sessão em curso na Câmara. Naquele dia, os vereadores derrubaram o veto do prefeito Carlos Roberto Pupin à emenda aprovada pelo Legislativo que limita a desoneração do Imposto Sobre Serviço (ISS) no transporte coletivo em 12 meses. Foram 14 votos favoráveis e apenas um contrário à retirada do veto.
Já na última quinta-feira (20), enquanto era realizada uma sessão itinerante da Câmara de Vereadores a população novamente invadiu o local e pediu a abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar o transporte coletivo na cidade. Após pressão, os vereadores decidiram fazer uma votação especial foi aberta a CPI.
Fonte: Blog odiario.

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