Em 1995 quando aconteceu a primeira edição do Grito dos Excluídos foram registrados pelo Brasil 170 atividades. O protesto cresceu e se espalhou de norte a sul: Nesta quinta-feira, 7 de setembro, realiza a 23ª edição, contestando o atual cenário de retirada de direitos e ameaça à soberania nacional. Estão confirmadas atividades em 24 estados (capitais e diversas cidades) e no Distrito Federal. O Grito deste ano traz como lema “Por Direitos e Democracia a luta é todo dia”.
O 23º Grito dos Excluídos é mais um fomentador do caldo de resistência que tem se potencializado na denúncia do golpe de Estado no Brasil que culminou com a chegada de Michel Temer à presidência, que completou um ano em 31 de agosto. O processo de construção das atividades dura o ano inteiro e culmina na semana da Pátria. “É um processo coletivo muito rico que quer deixar alguma semente naquela comunidade que realizou”, explicou Ari Alberti, da coordenação nacional do Grito.
De acordo com ele, a visão que o Grito tem sobre o que é a semana da Pátria é diferente da visão oficial. “Queremos ajudar a despertar a consciência do povo que está à margem. Fazer um contraponto do desfile oficial e dizer que não estamos contentes com o rumo de entrega do pais e retirada de direitos”.
Criado com o objetivo de denunciar a situação de exclusão vivida pela maioria dos segmentos da população brasileira, a organização, que vivencia por 23 anos a situação política e social brasileira, se mostra surpresa com a velocidade com que as políticas públicas se deterioraram no último ano.
“Falta de democracia e golpe geram violência. As questões sociais não se resolvem com polícia. O Estado pensa que resolve o caso da pobreza, da miséria com polícia e está descontando todos os problemas da economia no mundo nas políticas sociais. O mais penalizado é o povo. Estaremos nas ruas para denunciar isso”, explicou Ari Alberti, da coordenação nacional do Grito.
De acordo com Ari, que participou de todas as edições, a mobilização popular nunca foi tão importante para o país. “O Grito tem sido um movimento importante para as lutas populares no país. Perceber que hoje tem atividades em torno do Grito em todo o território nacional é um avanço. A situação está difícil mas não estamos parados e acreditamos que é possível construir um projeto de sociedade diferente”, ressaltou.
Ronaldo Ferreira, coordenador do Comitê de Defesa popular e presidente do sindicato dos Bancários de Dourados (MS), contou que a indignação entre a população na cidade vai fortalecer o ato desta quinta. Ele tem recebido ligação de pessoas perguntando como participar da organização da marcha. A concentração do ato será às 8h na avenida Marcellino Pires, esquina com a Rua Melvin Jones.
Professores e alunos da rede municipal de ensino se incorporaram ao ato em protesto contra a política educacional em Dourados. Ronaldo analisou que a população local começa a sentir os efeitos da Emenda Constitucional 95 que congelou por 20 anos gastos com educação e saúde. “O município está desestruturado, não tem dinheiro para tapar buraco. Aumentou o número de pedintes, o desemprego é alto e é comum ver lojas que fecharam as portas no comércio”, relatou Ronaldo.
“Vivemos uma situação que nos questionamos se a Constituição de 88 ainda vale. Que democracia é essa? O poder deveria vir do povo para o povo mas o povo é ignorado, não é ouvido. Neste ano esperamos uma participação maior no 7 de setembro porque o povo está indignado”, afirmou Ronaldo. O Grito em Dourados acontece ao final do desfile oficial do 7 de setembro quando os manifestantes se agregam
O grito dos Excluídos acontecerá nesta quinta em Salvador (BA) pela 23ª vez. “Acredito que neste ano as pessoas parecem mais conscientes. Nas reuniões de articulação percebemos uma participação maior e também vemos que os reflexos das medidas do atual governo contra os direitos começa a refletir na população”, contou Jéssica Soares, da equipe de articulação do Grito na capital Baiana.
Participarão do grito em Salvador movimentos sociais, sindicatos, pastorais e movimentos culturais. A concentração será às 9h em frente ao Teatro Castro Alves, no Campo Grande. Músicas de protesto e ato político com intervenção dos participantes vai marcar a marcha que se iniciará ao final do desfile de 7 de setembro.
Além das cidades que estão desde o início realizando o Grito, novos municípios agregam pela primeira vez os protestos na sua organização. As cidades de Exu (PE), Pentecoste (CE) e Nilópolis (RJ) são algumas dessas localidades.
O Grito dos Excluídos em São Paulo homenageia os catadores de rua Ricardo Negão e Piauí, vítimas fatais da violência da Polícia Militar do Estado. A Marcha sairá da praça da Sé até a praça Princesa Isabel, no centro. Serão denunciadas as políticas de higienismo da atual prefeitura de São Paulo.
Confira AQUI na página nacional do Grito dos Excluídos informações sobre os atos pelo Brasil.
Por Railídia Carvalho, no Portal Vermelho
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