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quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Mais ação e empatia nas universidades

Mais ação e empatia nas universidades

 Por: Sara Puerta

Desânimo, sensação de tristeza, insônia, falta de interesse....pode ser só uma 'bad", mas trate de não se acostumar com essa mal estar. 

Caso esse estado emocional se prolongue por mais de duas semanas e realizar qualquer atividade tornou-se um grande fardo, pode ser que a depressão esteja te rondando.

Essa doença que tem se tornado cada vez mais comum, está bem longe de ser “frescura”, fraqueza ou falta do que fazer, e segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) já chega a atingir 5,8 % pessoas no Brasil.

Além disso, a depressão está diretamente ligada ao suicídio, que tem números alarmantes, principalmente no aumento de casos entre jovens: comparando os anos de 2010 e 2012, ocorreu um aumento de 30% nos casos, com pessoas entre 15 e 29 anos

O alerta já está dado. Tanto que desde 2014, esse mês é chamado de “ Setembro Amarelo”, e remete a campanha de prevenção ao suicídio, com diversas ações de conscientização e alertas. De acordo com dados do site oficial da campanha, são 32 suicídios por dia  - para a OMS, 9 entre 10 casos poderiam ser evitados.
A UEE-SP, como entidade representativa dos estudantes, se coloca nessa mobilização para tornar a vida universitária  mais humana e conscientizar sobre a depressão na graduação e como lidar com a doença. A campanha “ Saúde Mental - por mais empatia na universidade”  irá difundir esse debate na graduação, com uma série de ações e materiais voltados para o tema. Em abril deste ano, uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo chamou a atenção por conta do dado de seis tentativas de suicídio durante um ano, entre os estudantes do quarto período do curso de  Medicina da USP.

“Além de ser um ambiente de pressão, estamos envoltos por uma conjuntura que aumenta o estresse dos estudantes. A crise política - e consequentemente a recessão econômica - encolheram os salários e o mercado de trabalho, tornou a conquista do estágio uma tarefa árdua, e a falta de perspectivas nas universidades quanto à bolsas, a qualidade da formação e os aumentos absurdos de mensalidade intensificam a tensão”, diz Nayara Souza, presidenta da UEE-SP.

A UEE-SP também observa que o assunto é muito pouco tratado pelas instituições de ensino, mesmo com números crescentes de doenças psicológicas e suicídio.

Precisamos falar sobre depressão
Envolto aos sentimentos ruins, talvez haja dificuldade em diferenciar uma fase ruim  de um diagnóstico de depressão. Para entender, o médico psiquiatra Fernando Fernandes, que mantém o canal no youtube Psiquiatria Online, para o esclarecer questões ligadas à doença, diz que  não existe uma causa única que leve alguém a um quadro depressivo.“ Ela é multifatorial e existem fatores desencadeantes, caso haja uma origem biológica e predisposição genética para o desenvolvimento”.

O médico ainda explica que os altos índices entre jovens, refletem diversos fatores vivenciados durante essa etapa da vida. Entre eles, passagem para a vida adulta, entrada no mercado de trabalho, uso de drogas e álcool, maiores pressões e estresse. “Vale lembrar que a depressão, transtorno bipolar, síndrome do pânico, crises de ansiedade costumam aparecer na maioria das vezes  aos vinte e poucos anos”, acrescenta.

Para o médico  psiquiatra Guido Boabaid May*, o sinal extremo de que algo está “fora do lugar” acontece quando há  sensação de esforço extremo - ou até impossibilidade -  para realizar as atividades do dia a dia. “ Ao perceber que as atividades estão sendo prejudicadas Indicamos que a pessoa busque ajuda profissional e um tratamento adequado”, aconselha.

O que pode desencadear a depressão entre estudantes:

Pressão por desempenho;
Notas altas, trabalhos bombásticos, estágios “lacradores”…o estudante se vê constantemente pressionado para sair-se bem, se destacar profissional, social e financeiramente.

Ambiente Competitivo;
O estudante o tempo todo se compara aos colegas, concorre com outros alunos por determinadas vagas. Isso pode dar a sensação de que se vive em um local hostil.

Mudança de cidade;
Muitos estudantes cursam o ensino superior em outras cidades, sendo assim, ficam distantes da família e dos amigos. O contato com culturas diferentes e a sensação de solidão pode gerar tristeza e angústia.

Estresse;
Que a rotina do estudante é puxada isso não dá pra negar, ainda mais se conciliada com o trabalho. Porém a percepção de estresse aumenta se o curso escolhido não gere prazer nas atividades exercidas nem no aprendizado. Fica a dica: Siga seu sonho!

Dificuldades financeiras;
Um alerta diante da forma como a educação privada se financia atualmente e os cortes de bolsas e auxílios; O desmonte de programas como o Fies, Prouni, reajustes de mensalidade exorbitantes, contingenciamento de financiamento para pesquisadores geram gastos excessivos, dívidas e muita preocupação.

Uso de álcool e drogas
O abuso de substâncias químicas leva à alterações no funcionamento do sistema nervoso. Para quem já tem predisposição genética à depressão, o uso constante de álcool e drogas pode agravar muito a doença.

Fonte: Fernando Fernandes, médico psiquiatra e pesquisador do Hospital das Clínicas.

Como ajudar alguém com depressão
A empatia, essa capacidade de se colocar no lugar de alguém, sentir sua dor, é a nossa  grande “arma” para ajudar alguém com depressão. Portanto: ofereça-se!

Seja Disponível
Ofereça seu tempo para encontrar e sair com a pessoa que está se sentindo depressiva

Ouça
Apenas falar já pode ajudar a diminuir o sofrimento. Pratique a escuta atenciosa.

Não proponha soluções
Evite as frases de auto ajuda e de exagerado otimismo, nem minimize os sentimentos da outra pessoa

Esqueça as regras
Não aponte estratégias e planos perfeitos para a cura da depressão

Estimular procurar ajuda profissional
Aconselhe e encoraja a pessoa a buscar tratamento. Se for o caso, tente ajudá-la a tirar os preconceitos de se consultar com psicólogos e psiquiatras

Avisar pessoas próximas
Caso a pessoa com depressão sinalize que pensa em suicídio, que não quer mais viver, entre em contato com pessoas da família.

Nas universidades
Crie grupos, espaço de diálogo, debates, presencialmente e nas redes sociais, divulgue campanhas e materiais para conscientização da depressão e prevenção ao suicídio.
Fonte: Fernando Fernandes, psiquiatra e pesquisador do Programa de Transtornos do Humor do Instituto de Psiquiatria da USP, Guido Boabaid May, psiquiatra e CEO da GnTech e Guilherme Polanczyk, doutor em psiquiatria e professor associado do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP.

👉👉👉Sinais de alerta

Sentir desânimo
Lentidão física e mental
Apatia
Perda ou aumento do apetite
Fadiga
Insônia
Culpa
Diminuição de memória e concentração
Medo  excessivo

👉👉👉 Sugestões de leitura
  • “Confissões de um adolescente depressivo”, de  Kevin Breel.
Editora: Seoman, do grupo Editorial Pensamento
O livro conta a história de um adolescente saudável e feliz, que passou a lutar contra a depressão e o desejo de se matar. É um guia  que traz luz para sobreviver à doença ou entender melhor quem a enfrenta na adolescência e juventude.
  • “Depois do Azul”, de Élaine Turgeon
Editora: Plataforma, selo jovem da V&R Editoras
Traz a história de uma adolescente que tira a própria vida na véspera de completar 15 anos. O livro é narrado a partir dos últimos suspiros da garota, de passagens do diário de sua irmã gêmea, cartas da avó e um narrador onisciente.

*Boas Novas no Tratamento da Depressão
Os psiquiatras alertam sobre os riscos de automedicação no casos de depressão. Os remédios antidepressivos e  ansiolíticos estão na lista do mais consumidos no mundo e muitas vezes são utilizados sem qualquer receita,  piorando os quadros da doença.

O médico psiquiatra Guido Boabaid May, que colabora com informações para essa matéria, é CEO do laboratório de genética GnTech, e anuncia uma novidade que torna o tratamento da depressão muito mais eficaz.

Atualmente, os medicamentos são prescritos da forma  de "tentativa e erro".  Com o teste farmacogenético, desenvolvido pelo laboratório, por meio de análise de células da boca, ele cruza informações com o de 73 medicamentos no mercado.

“O resultado permite saber quais deles trarão menos efeitos colaterais e em qual o corpo irá reagir melhor. Também é possível saber a dosagem adequada para cada paciente”, explica o Dr. Guido.

Hoje o teste sai pelo valor de R$ 3.900, mas já existem convênios que começaram a aceitar o reembolso. A nossa torcida é que seja cada vez mais difundido.

Fonte: UEE/SP

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