Por: Sara Puerta
Desânimo, sensação de
tristeza, insônia, falta de interesse....pode ser só uma 'bad", mas
trate de não se acostumar com essa mal estar.
Caso esse estado emocional
se prolongue por mais de duas semanas e realizar qualquer atividade
tornou-se um grande fardo, pode ser que a depressão esteja te rondando.
Essa doença que tem se
tornado cada vez mais comum, está bem longe de ser “frescura”, fraqueza
ou falta do que fazer, e segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) já
chega a atingir 5,8 % pessoas no Brasil.
Além disso, a depressão
está diretamente ligada ao suicídio, que tem números alarmantes,
principalmente no aumento de casos entre jovens: comparando os anos de
2010 e 2012, ocorreu um aumento de 30% nos casos, com pessoas entre 15 e
29 anos
O alerta já está dado.
Tanto que desde 2014, esse mês é chamado de “ Setembro Amarelo”, e
remete a campanha de prevenção ao suicídio, com diversas ações de
conscientização e alertas. De acordo com dados do site oficial da
campanha, são 32 suicídios por dia - para a OMS, 9 entre 10 casos
poderiam ser evitados.
A UEE-SP, como entidade
representativa dos estudantes, se coloca nessa mobilização para tornar a
vida universitária mais humana e conscientizar sobre a depressão na
graduação e como lidar com a doença. A campanha “ Saúde Mental - por
mais empatia na universidade” irá difundir esse debate na graduação,
com uma série de ações e materiais voltados para o tema. Em abril deste
ano, uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo chamou a atenção por
conta do dado de seis tentativas de suicídio durante um ano, entre os
estudantes do quarto período do curso de Medicina da USP.
“Além de ser um
ambiente de pressão, estamos envoltos por uma conjuntura que aumenta o
estresse dos estudantes. A crise política - e consequentemente a
recessão econômica - encolheram os salários e o mercado de trabalho,
tornou a conquista do estágio uma tarefa árdua, e a falta de
perspectivas nas universidades quanto à bolsas, a qualidade da formação e
os aumentos absurdos de mensalidade intensificam a tensão”, diz Nayara Souza, presidenta da UEE-SP.
A UEE-SP também observa que
o assunto é muito pouco tratado pelas instituições de ensino, mesmo com
números crescentes de doenças psicológicas e suicídio.
Precisamos falar sobre depressão
Envolto aos sentimentos
ruins, talvez haja dificuldade em diferenciar uma fase ruim de um
diagnóstico de depressão. Para entender, o médico psiquiatra Fernando
Fernandes, que mantém o canal no youtube Psiquiatria Online,
para o esclarecer questões ligadas à doença, diz que não existe uma
causa única que leve alguém a um quadro depressivo.“ Ela é multifatorial
e existem fatores desencadeantes, caso haja uma origem biológica e
predisposição genética para o desenvolvimento”.
O médico ainda explica que
os altos índices entre jovens, refletem diversos fatores vivenciados
durante essa etapa da vida. Entre eles, passagem para a vida adulta,
entrada no mercado de trabalho, uso de drogas e álcool, maiores pressões
e estresse. “Vale lembrar que a depressão, transtorno bipolar, síndrome
do pânico, crises de ansiedade costumam aparecer na maioria das vezes
aos vinte e poucos anos”, acrescenta.
Para o médico psiquiatra
Guido Boabaid May*, o sinal extremo de que algo está “fora do lugar”
acontece quando há sensação de esforço extremo - ou até impossibilidade
- para realizar as atividades do dia a dia. “ Ao perceber que as
atividades estão sendo prejudicadas Indicamos que a pessoa busque ajuda
profissional e um tratamento adequado”, aconselha.
O que pode desencadear a depressão entre estudantes:
Pressão por desempenho;
Notas altas, trabalhos
bombásticos, estágios “lacradores”…o estudante se vê constantemente
pressionado para sair-se bem, se destacar profissional, social e
financeiramente.
Ambiente Competitivo;
O estudante o tempo todo se
compara aos colegas, concorre com outros alunos por determinadas vagas.
Isso pode dar a sensação de que se vive em um local hostil.
Mudança de cidade;
Muitos estudantes cursam o
ensino superior em outras cidades, sendo assim, ficam distantes da
família e dos amigos. O contato com culturas diferentes e a sensação de
solidão pode gerar tristeza e angústia.
Estresse;
Que a rotina do estudante é
puxada isso não dá pra negar, ainda mais se conciliada com o trabalho.
Porém a percepção de estresse aumenta se o curso escolhido não gere
prazer nas atividades exercidas nem no aprendizado. Fica a dica: Siga
seu sonho!
Dificuldades financeiras;
Um alerta diante da forma
como a educação privada se financia atualmente e os cortes de bolsas e
auxílios; O desmonte de programas como o Fies, Prouni, reajustes de
mensalidade exorbitantes, contingenciamento de financiamento para
pesquisadores geram gastos excessivos, dívidas e muita preocupação.
Uso de álcool e drogas
O abuso de substâncias
químicas leva à alterações no funcionamento do sistema nervoso. Para
quem já tem predisposição genética à depressão, o uso constante de
álcool e drogas pode agravar muito a doença.
Fonte: Fernando Fernandes, médico psiquiatra e pesquisador do Hospital das Clínicas.
Como ajudar alguém com depressão
A empatia, essa capacidade
de se colocar no lugar de alguém, sentir sua dor, é a nossa grande
“arma” para ajudar alguém com depressão. Portanto: ofereça-se!
Seja Disponível
Ofereça seu tempo para encontrar e sair com a pessoa que está se sentindo depressiva
Ouça
Apenas falar já pode ajudar a diminuir o sofrimento. Pratique a escuta atenciosa.
Não proponha soluções
Evite as frases de auto ajuda e de exagerado otimismo, nem minimize os sentimentos da outra pessoa
Esqueça as regras
Não aponte estratégias e planos perfeitos para a cura da depressão
Estimular procurar ajuda profissional
Aconselhe e encoraja a
pessoa a buscar tratamento. Se for o caso, tente ajudá-la a tirar os
preconceitos de se consultar com psicólogos e psiquiatras
Avisar pessoas próximas
Caso a pessoa com depressão sinalize que pensa em suicídio, que não quer mais viver, entre em contato com pessoas da família.
Nas universidades
Crie grupos, espaço de
diálogo, debates, presencialmente e nas redes sociais, divulgue
campanhas e materiais para conscientização da depressão e prevenção ao
suicídio.
Fonte: Fernando
Fernandes, psiquiatra e pesquisador do Programa de Transtornos do Humor
do Instituto de Psiquiatria da USP, Guido Boabaid May, psiquiatra e CEO
da GnTech e Guilherme Polanczyk, doutor em psiquiatria e professor
associado do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da
USP.
👉👉👉Sinais de alerta
Sentir desânimo
Lentidão física e mental
Apatia
Perda ou aumento do apetite
Fadiga
Insônia
Culpa
Diminuição de memória e concentração
Medo excessivo
👉👉👉 Sugestões de leitura
-
“Confissões de um adolescente depressivo”, de Kevin Breel.
Editora: Seoman, do grupo Editorial Pensamento
O livro conta a história de
um adolescente saudável e feliz, que passou a lutar contra a depressão e
o desejo de se matar. É um guia que traz luz para sobreviver à doença
ou entender melhor quem a enfrenta na adolescência e juventude.
-
“Depois do Azul”, de Élaine Turgeon
Editora: Plataforma, selo jovem da V&R Editoras
Traz a história de uma
adolescente que tira a própria vida na véspera de completar 15 anos. O
livro é narrado a partir dos últimos suspiros da garota, de passagens do
diário de sua irmã gêmea, cartas da avó e um narrador onisciente.
*Boas Novas no Tratamento da Depressão
Os psiquiatras alertam
sobre os riscos de automedicação no casos de depressão. Os remédios
antidepressivos e ansiolíticos estão na lista do mais consumidos no
mundo e muitas vezes são utilizados sem qualquer receita, piorando os
quadros da doença.
O médico psiquiatra Guido
Boabaid May, que colabora com informações para essa matéria, é CEO do
laboratório de genética GnTech, e anuncia uma novidade que torna o
tratamento da depressão muito mais eficaz.
Atualmente, os medicamentos
são prescritos da forma de "tentativa e erro". Com o teste
farmacogenético, desenvolvido pelo laboratório, por meio de análise de
células da boca, ele cruza informações com o de 73 medicamentos no
mercado.
“O resultado permite saber
quais deles trarão menos efeitos colaterais e em qual o corpo irá reagir
melhor. Também é possível saber a dosagem adequada para cada paciente”,
explica o Dr. Guido.
Hoje o teste sai pelo valor
de R$ 3.900, mas já existem convênios que começaram a aceitar o
reembolso. A nossa torcida é que seja cada vez mais difundido.
Fonte: UEE/SP
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