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quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

EDUCAÇÃO É A CHAVE PARA O FIM DA HOMOFOBIA NO BRASIL

Tony Reis, presidente da ABLGBBT

Bandeira LGTB no Congresso Nacional
Respeito à individualidade das pessoas é o que querem os homossexuais e para fortalecer essa luta, a senadora Marta Suplicy conseguiu, no inicio deste mês, desarquivar o projeto de Lei da Câmara (PLC) 122, que torna crime atos, opiniões homofóbicas ou qualquer tipo de discriminação contra homossexuais no Brasil.

Diante desse importante ato na luta anti-homofóbica, o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABLGBBT), Tony Reis concedeu uma entrevista ao Portal CTB em que ressaltou a importância que a imprensa teve nesse processo de desarquivamento e o quanto são fundamentais a aprovação do PLC122, juntamente com a construção de uma política educacional que trabalhe, desde os primeiros anos do ensino fundamental, a erradicação de todo e qualquer tipo de preconceito e discriminação.

Portal CTB: O que o desarquivamento do PLC 122 significa para a luta no combate ao preconceito a homossexuais?

Esperança! Primeiramente pela forma como a senadora Marta Suplicy tem se posicionado, pois no primeiro dia de trabalho ela conseguiu 27 assinaturas para desarquivamento de um projeto de lei da câmara que deu tanta polêmica já é um grande feito. E agora lutaremos pela aprovação, no senado, desta lei que representa um grande avanço para a luta contra atos de homofobia no país.

Portal CTB: O PLC já tramita há 10 anos. Qual o prejuízo que essa demora acarretou para o público homossexual brasileiro?

Todos os grupos sociais já tem algum tipo de lei que promove e protege os direitos humanos, a comunidade de lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais não tem nenhuma. Por conta disso atendemos um grande número de pessoas que são discriminadas nas escolas, no trabalho e que sofrem violência. Temos plena certeza que a lei em si não resolve o problema da violência, mas vai inibir como aconteceu com a lei antirracismo, que proíbe qualquer pessoa de praticar agressão física ou verbal contra a comunidade negra. dessa maneira, os casos passaram a ser mais raros, nao que tenham acabado, mas já é diferente do que acontecia antigamente, pois as pessoas aprenderam a respeitar e é isso que queremos, conquistar o respeito a diversidade.

Portal CTB: Em sua opinião essa onda de violência que tomou dimensões nacionais influenciou na decisão dos parlamentares em desarquivar o PLC 122?

Eu creio que este lamentável ato contribuiu sim por conta da notoriedade do fato, o local onde aconteceu e que abriga um dos maiores eventos do mundo no combate a homofobia. Porque esse tipo de violência vem acontecendo desde que iniciei no ativismo, há 27 anos, mas agora as câmeras na Avenida Paulista flagraram. Infelizmente, nas periferias do país isso ainda acontece muito. Então o papel que a imprensa foi muito importante no sentido de difundir esse ato e claro que colaborou para que sensibilizasse os parlamentares.

Portal CTB: Segundo a bancada evangélica, o PLC 122 fere a liberdade de expressão e impede a livre manifestação contra a homossexualidade. O que você acha desse posicionamento?

Acho que ninguém aqui fere a liberdade de expressão, pois é fundamental que falemos que pensamos desde que isso não incite a violência. As pessoas podem até não gostar de homossexuais, isso é um direito dela e ela pode falar isso, mas não podemos tolerar que sejamos chamados de abomináveis, doentes e assim por diante. É o mesmo que falar que um negro é inferior ao branco ou que o homem é superior a mulher. E hoje temos percebido que nos meios religiosos, apenas uma parte dos evangélicos ainda não entenderam o espírito do projeto que é combater a violência e o preconceito.

Portal CTB: Em sua opinião essa visão conservadora é o que promove atos homofóbicos?

Com certeza. Pois na idade média os homossexuais eram tratados como pecadores que tinham que ir para a fogueira, depois fomos vistos e caçados como criminosos, e ainda existem países onde é crime ser homossexual. Até a década de 90, nossa comunidade foi taxada como doente e esses preconceitos, infelizmente, ainda persistem para a maioria da população. Então a não aprovação do PLC 122 ainda é um resquício desse preconceito enraizado na sociedade e que é fruto de uma cultura homofóbica muito forte.

Portal CTB: O que o Brasil precisa para avançar em relação aos direitos dos homossexuais?

Educação! Educação! Educação! Precisamos investir pesado para que as crianças respeitem as diversidades, pois ninguém é igual e as pessoas têm o direito de ser o são desde que respeitem a individualidade de cada um. Claro que a lei pode ajudar, mas ela não vai resolver o problema da violência se não houver um investimento em educação.

Fábio Ramalho – Portal CTB

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