O presidente do Egito, Hosni Mubarak, renunciou ao cargo nesta sexta-feira, após 18 dias de protestos contra o seu governo, transferindo o poder ao Exército. O líder de 82 anos estava no poder desde 1981 e enfrentrava protestos diários por sua renúncia desde o dia 25 de janeiro.
“Já virou festa, o pessoa está cantando na rua, dando tiros para o alto”, descreveu a brasileira Elaine Magossi, que mora em Alexandria, segunda maior cidade do país”, em entrevista ao "Uol".
População lota Praça Tahrir para festejar a mudança histórica
Na presidência do Egito desde 1981, Mubarak assumiu o posto após o assassinato do então presidente Anwar Sadat. Tomou posse no dia 14 de outubro daquele ano, oito dias após a morte do antecessor, e dirigia o país desde então.
O anúncio da renúncia de Mubarak foi feito pelo vice-presidente do país, Omar Suleiman, em pronunciamento à emissora de TV estatal, já na noite desta sexta-feira.
Segundo Suleiman, a decisão foi adotada "pelas difíceis circunstâncias que o país atravessa". "O presidente Hosni Mubarak decidiu renunciar como presidente do Egito", disse Suleiman, em um breve anúncio, acrescentando que o poder foi entregue às Forças Armadas. Menos de uma hora após o anúncio, o vice também renunciou e deixou o poder sob o comando dos militares.
Reunidos na Praça Tahrir, que virou símbolo dos protestos, centenas de milhares de manifestantes explodiram em gritos de emoção com a notícia. Enquanto a multidão gritava "O Egito está livre!", também era possível ouvir carros buzinando em celebração.
Por 30 anos, Mubarak sempre contou com apoio dos presidentes norte-americanos
O oposicionista Mohamed El Baradei, Prêmio Nobel da Paz de 2005 e ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, reagiu à informação dizendo: "Este é o melhor dia da minha vida. O país foi libertado."
Assim que terminou o pronunciamento do vice-presidente, centenas de milhares de manifestantes agitando bandeiras, gritando, rindo e se abraçando celebraram o anúncio. "O povo derrubou o regime", gritava a multidão na praça Tahrir, no centro do Cairo. Lágrimas, gritos e danças tomaram conta do local que se tornou símbolo dos protestos.
Mais cedo, a TV estatal informou que o presidente havia viajado com a família para o resort de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, partindo de uma base militar num subúrbio da capital. Informações desencontradas indicavam que Mubarak deixaria o cargo um dia antes, quando chegou a fazer um pronunciamento, mas apenas delegou poderes ao vice.
A multidão que se concentrava na praça Tahrir, epicentro das manifestações dos últimos dias, ficou revoltada com a decisão. Hoje pela manhã, o Exército reuniu-se e anunciou que suspenderia a lei do estado de emergência no país, cedendo a uma exigência-chave dos manifestantes contrários ao governo, mas indicando que queria as pessoas fora das ruas.
Com agências
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