Como a pauta pela reforma política pode garantir a participação e a valorização das minorias
No dia 23 de agosto, um
estudante transexual do Colégio Pedro II, em São Cristóvão, Zona Norte
do Rio, foi assistir à aula vestindo saia. Durante sua permanência no
ambiente escolar o secundarista foi reprimido pela diretoria da escola,
que lhe ofereceu uma calça e o orientou a não usar mais o traje.
O episódio lamentável que
quase impediu o estudante de permanecer na instituição de ensino
despertou os colegas da sala de aula. Em defesa do jovem realizaram um
protesto exigindo respeito à diversidade e meninos e meninas, surgiram
de saia em apoio ao colega. Casos como esse transparecem a falta de
respeito e tolerância para conviver com as diferenças, desde a opção de
vestimenta, até mesmo sua forma de pensar.
Sistema político gera desigualdade
Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apenas 9% da Câmara dos
Deputados e 12% do Senado são ocupados por mulheres (mesmo que elas
sejam mais da metade da população do país). Atualmente, somente 8,5% dos
deputados federais e senadores se declaram negros e nenhum é indígena,
além disso, somente cinco estados do país têm conselhos sobre questão
LGBT.
A pequena participação do
movimento LGBT’s, de mulheres, negros/as e indígenas no Congresso
Nacional demarcada pela falta de equidade, expõe um preconceito que é
decorrente de um histórico opressor que perpetua através de um sistema
político desigual.
As mudanças começam na Política
O caso do secundarista
reprimido por vestir uma saia exemplifica a dificuldade que temos de
lidar com a diversidade. Para o diretor de Cultura da UBES, Wesley
Machado, existe uma crise de representatividade política que precisa ser
resolvida como passo fundamental para mudar a política atual.
“Olhamos para o Congresso
Nacional e vemos que a participação da comunidade LGBT, das mulheres,
dos negros e indígenas é ínfima. Essa ausência de representação reflete
diretamente nas relações sociais, dentro das escolas, nos bairros e
ambientes de trabalho. Sabemos que não existe mudança que não perpassa
pela política, por isso precisamos da reforma, para uma política limpa
com a nossa cara, ligada com o real interesse do povo e que respeite as
diferenças”, afirma.
A questão da homofobia é
responsável por segregar em diversos âmbitos o convívio social saudável.
Para UBES, este é um conflito que diz respeito a todos. Intolerâncias
sutis ainda sim precisam ser esclarecidas e debatidas pela sociedade. As
mulheres também são alvo dessa falta de representação como conta a
diretora de Mulheres da UBES, Rose Nascimento.
“Hoje nós estamos em um novo
momento político. É a primeira vez que temos uma mulher como presidente
do país. Isso vem mostrando que nós mulheres estamos conquistando nosso
espaço, mas os avanços precisam ser alavancados e não podem parar”,
afirma.
Para progredir na consolidação
da democracia e a participação das minorias seja de fato efetiva, é
fundamental criarmos mecanismos que garantam uma eleição igualitária,
proporcionando uma representação mais efetiva que seja benéfica para
todos.
UBES
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