Plataforma eleitoral da UNE quer que os jovens se apropriando dos espaços urbanos
O
pleito eleitoral que acontece no próximo mês será o primeiro após as
manifestações que mobilizaram o país em Junho de 2013. Por isso, nestas
eleições estão em jogo também expectativas às reivindicações de um
Brasil que exige mais direitos ao povo.
Esse processo de busca por transformações estruturais aponta,
sobretudo, a necessidade de um desenvolvimento nacional em novos
pilares. A questão da mobilidade urbana, causa inicial das
manifestações, está diretamente inserida num contexto sobre direito a
cidades mais humanizadas.
A UNE em sua plataforma eleitoral, o projeto UNE pelo Brasil,
aprovado no 62º CONEG, realizado entre os dias 31 de maio e 01 de junho,
em São Paulo, traz dentro do tema de Cidades Mais Humanas o passe livre
estudantil, uma pauta de luta histórica da UNE. O passe livre
estudantil é uma realidade que já ocorre em alguns estados brasileiros,
como Pernambuco, Espírito Santo, Goiás e Rio Grande do Sul, o que para a
diretora de Assistência Estudantil da UNE, Daniele Ferreira, aumenta a
possibilidade de construirmos nacionalmente uma política que garanta aos
estudantes o direito ao passe livre com as eleições de 2014.
“Para os candidatos e candidatas que serão eleitos em 2014 a questão
da mobilidade urbana com recorte para acesso dos estudantes
gratuitamente ao transporte precisa ser item central na execução dos
programas de governo em nível federal, estadual, nos projetos de lei das
câmaras de deputados e também no Senado”, afirma.
Com a pressão dos movimentos sociais uma política nacional de
mobilidade urbana avançou com prioridade no transporte coletivo. “Para a
UNE e para a juventude brasileira a criação de uma lei que garanta
passe livre estudantil a todos os estudantes brasileiros será um marco
da luta por direito ao transporte e educação digna”, ressaltou.
MORADIA
Para a diretora da UNE na construção de um projeto estruturante de
país o direito à moradia também é fundamental. Ela lembrou que o Brasil
tem sofrido ao longo dos anos com uma expansão desordenada das cidades
brasileiras. “O inchaço populacional nas cidades é também produto da
migração rural, porém, ao longo dos anos outros fatores assumiram
relevância no processo de organização e garantia do direito de ocupação
da cidade”, destacou.
De acordo com Daniele a especulação imobiliária é um desses fatores,
pauta do 62º CONEG. “O processo de privatização das cidades brasileiras
tem estreita relação com o capital especulativo, há uma verdadeira
estocagem de imóveis com nítido intuito de obtenção de maiores lucros no
processo de compra e venda. Ou seja, as empreiteiras constroem casas
que não servirão de moradia às famílias, mas servirão ao capital
especulativo garantindo mais recursos financeiros aos tubarões do
mercado imobiliário”, explicou.
Ela afirma que ainda que tenhamos iniciativas fundamentais na
diminuição do déficit existente na questão do direito á habitação, a
exemplo do Programa Minha Casa, Minha Vida, os números mostram que ainda
é preciso fazer muito mais. O programa de Governo em suas duas edições
possibilitou acesso à moradia a 6,4 milhões de pessoas, no entanto, os
dados do movimento de luta por moradia apontam que há hoje no Brasil
cerca de 18 milhões de pessoas que não possuem moradia própria.
“É preciso mudar a lógica numa perspectiva do que é necessário para
garantia de um desenvolvimento social com qualidade e dignidade para os
brasileiros. A conquista da cidadania plena não será concretizada sem um
rompimento com esse método econômico e opressor de organização das
cidades”, afirmou.
ESPAÇOS DE CULTURA PARA JOVENS, COMO ISSO PODE SAIR
O investimento em espaços de cultura é uma demanda real da juventude
brasileira. Os “rolezinhos”, recentemente, reivindicaram mais espaços de
socialização e cultura para a juventude dos centros periféricos das
cidades. A UNE tem na sua história um importante instrumento pioneiro de
organização e ampliação do acesso à cultura, o CUCA da UNE, que
promoveu ações audiovisuais, teatrais, de literatura, de artes e música
nas universidades brasileiras.
Para Daniele é certo que é preciso extrapolar os muros das
universidades, afinal, uma parcela ainda pequena da população brasileira
tem a possibilidade de acessar os conhecimentos do ensino superior, e
há inúmeros grupos de produção de cultura organizados em cada comunidade
do Brasil. “Para que os espaços de cultura previstos no Estatuto da
Juventude saiam do papel é preciso considerar o potencial que esses
espaços e grupos de cultura já existentes podem ter. É preciso dá-lhes a
oportunidade através de políticas públicas, programas e editais de
governo de organizar nas comunidades ações de acesso à cultura, exemplo
do que realizou o CUCA UNE nas universidades”, comenta.
O documento UNE pelo Brasil conta com temas e propostas considerados fundamentais nessas eleições. Acesse na íntegra http://www.une.org.br/wp-content/uploads/Catilha-CONEG_FINAL.pdf
Cristiane Tada - UNE
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