Quais providências não foram tomadas? - foto: IG
"Deslisei 800m, fui salvo pela cama". Relato foi feito por lavrador que mora em Teresópolis/RJ e perdeu a mulher, um filho de 13 anos e um neto de um mês. "Cabeceira da minha cama suportou o peso da terra", disse ele. Foto. IG.
População mais uma vez sofre e perde familias
TRAGÉDIAS DE VERÃO: O TERMÔMETRO DA RESPONSABILIDADE PÚBLICA
Na Austrália, cidades importantes estão submersas; populações foram alertadas com dias de antecedências; regiões inteiras foram evacuadas. O número de vítimas é residual.
No Brasil, uma tromba d'agua (imprevisível?) matou 270 pessoas na região serrana do Rio em praticamente 24 horas. Em SP, um temporal de 54 mm dissolveu a gestão tucana na enxurrada. Em todo o país, o mapeamento das áreas de risco está desatualizado e ações preventivas são pontuais.
Sem planejamento, a administração pública bóia na enxurrada como saco de lixo à deriva. As populações, porém, se afogam. Em SP, Serra investiu no ala(r)gamento da Marginal; não deu prioridade à limpeza do rio. A Marginal alargada alagou.
Desde 1998, foram construídos 43 dos 134 piscinões previstos para a Grande São Paulo. Das 22 ações antienchentes incluídas no orçamento de 2010, 14 receberam recursos abaixo do estipulado; entre elas, cinco registraram investimento zero.
O orçamento de publicidade da prefeitura demotucana quase dobrou em relação a 2009. Foi cumprido integralmente. Um homem morreu afogado em plena avenida Nove de Julho, no centro da capital, na chuva da 2º feira. O PSDB governa o estado mais rico da federação há 16 verões.
O TESTE DA ESPOLIAÇÃO
Portugal mergulhou no corredor-polonês da espoliação financeira montado em torno das economias periféricas européias no pós-crise (leia, abaixo, a análise de Boaventura Santos).
Para obter recursos da ordem de 1,25 bilhão de euros, indispensáveis ao financiamento de seu déficit, o governo português pagou,na 4º feira, juros de 6,75% para papéis de dez anos. Títulos alemães de prazo equivalente pagam 2,87%. Nesta 5º feira será a vez da Espanha.
Mais um governo será espremido no corredor da chantagem rentista. Bélgica pode ser a próxima vítima. Um tropeço no financiamento de qualquer uma das economias européias em crise acentuará a migração maciça de capitais especulativos para países emergentes.
Entre eles, o Brasil, que já experimenta danos colaterais em termos de valorização do real e seus desdobramentos em importações predatórias à indústria local.
As conexões entre a guerra cambial, a guerra comercial e a guerra de classes (decorrente da tradução do 'ajuste' em arrocho social) explicam a prioridade certeira do governo Dilma nesses seus primeiros passos.
O Brasil agora parece determinado a desmontar a farra cambial e a obstruir corredores de livre passagem dos capitais especulativos na sua economia.
(Leia mais: " A cicatriz não fechou: quem é a bola da vez?" e "Nó cambial --antecedentes")
(Carta Maior; Quinta-feira,
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