Em abril do ano passado diversos estudantes se reuniram na 2ª Assembléia Estadual da ANEL, realizada no campus da Praia Vermelha da UFRJ. Tínhamos acabado de presenciar uma enorme tragédia na cidade do Rio de Janeiro e em Niterói, onde uma forte chuva e enchente haviam destruído lares, provocado desabamentos, matado mais de 300 homens, mulheres e crianças e deixado desabrigados mais de 70.000. Todas as semelhanças com o que vivemos atualmente em nosso Estado, na região Serrana, não são meras coincidências.
Foram cenas chocantes que rodaram o mundo de mortes, a correnteza da água invadindo casas, morros desabando, prédios, casas e escolas indo abaixo. A famosa Praça do Suspiro, local turístico de Nova Friburgo, se transformou num mar de lama. Já são mais de 600 mortes, até onde se pode calcular. Vidas que não voltarão mais, que foram levadas junto com a forte tempestade.
O sentimento de dor e revolta que vem a todos os brasileiros ao presenciar cenas como essas nos fazem refletir se toda essa desgraça não poderia ter sido evitada. Pensar que estamos reféns dos desastres naturais é muito fácil para não enxergamos responsáveis por essa tragédia. A chuva foi muito forte, disso não há dúvidas. Mas o homem, ao longo da história com todo o avanço da ciência, já conseguiu prever enormes desastres naturais e construir edifícios que suportam furacões e terremotos. Por que então não conseguimos evitar todas essas nefastas conseqüências?
Precisamos de investimento dos governos para evitar novas mortes!
Em abril do ano passado, após as discussões da II Assembléia Estadual-RJ, a ANEL lançou uma Campanha chamada “O Rio Por Água Abaixo – Uma saída social para os problemas do Rio de Janeiro”. Através dela, estudantes de todo o Estado organizaram em suas escolas e universidades arrecadação de doações de roupa e alimentos, além de materiais de divulgação e conscientização dos problemas que estavam por trás dessa tragédia. Dessa vez, não faremos diferente.
O governador do Estado, Sérgio Cabral, deu uma declaração se eximindo de culpa, dizendo que não era possível prever a força da chuva e tirando a responsabilidade dos governos. Além, mais uma vez, de culpar a população por morar nas encostas dos morros, como se tivessem muitas opções. Ora, mas se os governos não são os responsáveis, quem é? A própria população, trabalhadora, que recebe baixos salários e não tem moradias populares com a segurança necessária? Ou então a natureza, que não devia fazer chover com tanta força?
Apenas em 2010, 60% do orçamento estadual pra prevenção de enchentes simplesmente não foi usado. Fala-se muito dos investimentos que o Rio vai fazer ao sediar as Olimpíadas e a Copa do Mundo, mas não se ouve falar de uma política séria de prevenção dos acidentes naturais, saneamento básico, moradias populares, etc.
O problema é que depois de um desastre como esse, fica evidente que quem mais se prejudica é a população pobre, os trabalhadores, que não tem condições de ter moradias seguras. Um exemplo categórico disso é o da favela Campo Grande, em Teresópolis, onde centenas de pessoas foram mortas soterradas e logo em frente à favela está uma das mansões de luxo da família Marinho, donos da Rede Globo, que passou intacta ao temporal. Essa é a lógica de funcionamento da sociedade capitalista. Impõe uma enorme desigualdade entre os seres humanos que explica porque mesmo com um governo atrás do outro, com mais e mais promessas, não há mudança qualitativa na vida da população mais pobre, nos colocando reféns de situações como essa
E agora, o que fazer? Devemos esperar um novo desastre, deixar que se percam mais vidas no futuro? Nós, da ANEL, faremos o que estiver ao nosso alcance para cobrar dos governos medidas concretas que evitem que tragédias como essa voltem a se repetir, além de prestar toda a solidariedade às vítimas.
Nesse sentido, exigimos dos governos municipais, estadual e federal um poderoso investimento para dar novas casas aos atingidos, com a construção de moradias populares que tenham toda a segurança necessária; um plano estadual de obras públicas de saneamento e escoamento de água e para prevenção e contenção de encostas; melhorias e barateamento no sistema de transportes públicos. Precisamos de uma verdadeira Reforma Urbana no Estado do Rio de Janeiro, e por isso toda a população deve estar unida cobrando dos nossos governantes, dando o valor merecido no suor da nossa luta à vida de cada trabalhador e trabalhadora que nos deixou depois dessa tragédia. A ANEL coloca sua força a serviço disso e convoca os estudantes livres de todo o país a se somarem nesta Campanha, prestando solidariedade e lutando por um Rio de Janeiro melhor.
Participe também da Campanha!
Para saber melhor como participar ativamente da Campanha, mande um email para anelrj@hotmail.com ou ligue para 99888085 (Júlio). Abaixo segue uma conta para efetuar depósitos e postos de coleta que estão recebendo doações.
Conta para depósito:
Banco do Brasil
Titular: Associação Coordenação Nacional de Lutas
Agência: 0249-6
Conta poupança: 38194-2
Variação: 91
Enviar cópia do comprovante do depósito para: cspconlutas-rj@cspconlutas.org.br
Postos de coleta no Rio de Janeiro:
Sede da CSP-Conlutas e ANEL-RJ - Rua Teotônio Regadas, 26, sala 602, Lapa, Rio, Rio de Janeiro – RJ
Sindsprev-RJ - Rua Joaquim Silva, 98-A, Centro – Rio de Janeiro – RJ
Sepe-RJ - Rua Evaristo da Veiga, 55 – 8º andar – Centro – Rio de Janeiro/RJ
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