“Ô abre alas que as mulheres vão passar” foi cantado nos corredores da UFRJ como um hino antecipando a luta que as feministas vão travar no próximo período por mais igualdade e fim do machismo
Assista a mobilização das mulheres nos corredores da UFRJ no dia do debate
Elas querem mais espaço. Mais espaço para falar e serem ouvidas. Mais espaço para participar das decisões fundamentais da sociedade. As mulheres conquistaram muito, mas ainda têm muito mais a alcançar. Essa reflexão resume o debate realizado no domingo (16) primeiro dia oficial de atividades do 13º CONEB.
Faltou foi espaço físico no auditório reservado para a discussão, no CT da UFRJ. Mulheres e homens procuravam se acomodar da melhor forma para participar do encontro que reunia uma mesa de peso. Era formada pela ex-presidente da UNE, Lucia Stumpf, ex-vice da entidade, Louise Caroline – atualmente secretária de mulheres da cidade pernambucana de Caruaru-, Ana Cristina, da Marcha Mundial de Mulheres, Conceição Cassano, da secretaria geral da Confederação das Mulheres do Brasil, e Elza Campos, da União Brasileira de Mulheres. A mediação ficou por conta da diretora de Mulheres da UNE, Fabíola Paulino.
A pauta central do debate foi a eleição da primeira mulher presidenta da república, Dilma Rousseff. “O que significa a eleição de Dilma Rousseff como presidenta do Brasil? Não veio sem que fosse pago um alto preço nos debates das bandeiras feministas no Brasil. Vimos o grau de conservadorismo que existe durante a campanha eleitoral. Dilma teve que pagar o preço- bandeiras feministas não puderam ficar em cena, por conta da força desse conservadorismo – como o direito ao aborto”, provocou Louise Caroline.
Para Ana Cristina, a eleição representou “uma vitoria no imaginário político brasileiro. Não resolve, mas constrói uma perspectiva de sociedade. Dilma se propôs a abrir alas. Ela caminhou junto com a luta das mulheres brasileiras”, defendeu.
As mulheres presentes procuraram dar a dimensão da importância da eleição de uma mulher para a presidência da república de um país ainda de cultura patriarcal e machista. Também em discussão a participação das mulheres na política “ainda muito débil”, disse Conceição.
Estatísticas de violência contra a mulher também foram faladas, causando surpresa em muitos dos homens presentes. “A cada 15 segundos uma mulher sofre algum tipo de agressão no país”, disse uma das convidadas.
“O debate sobre o feminismo no 13º CONEB foi muito importante, pois trouxe à tona assuntos de imensa relevância como, por exemplo, o aborto, valorização da mulher ou mesmo a dificuldade de ela ter seu espaço garantido nos diversos locais em que procura se inseri”, apontou Lukas Thiago Cardoso, aluno de pedagogia da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Ele revelou ter noção do que sentem as mulheres, já que vive rodeado delas na universidade em um curso predominantemente feminino. Justamente por isso apontou outro dado curioso. “Gostaria de mencionar o fato de as mulheres em grande escala ainda serem machistas, o que podemos perceber por conta da educação familiar e escolar - que na maior parte das vezes é responsabilidade delas -. Enfim, foi um grande debate e nos proporcionou uma ótima tarde de discussão bem politizada”, concluiu.
4º Encontro de Mulheres Estudantes da UNE - EME
Não por acaso, sob o slogan “ô abre alas que as mulheres vão passar” foi lançado o 4º Encontro de Mulheres Estudantes da UNE (EME). O evento será de 21 a 24 de abril em Salvador, Bahia. “É o feminismo para mudar o mundo, o movimento estudantil e a universidade”, disse Fabíola Paulino.
Orgulhosa de participar da inauguração de mais um EME, Lucia Stumpf declarou que a pauta da mulher deve ser sempre destaque nos assuntos do movimento estudantil. Até porque “a universidade brasileira é um espaço ainda predominantemente masculino, machista. É muito apropriado o tema deste CONEB ‘nas ruas de hoje o Brasil do amanha’. Será nas ruas que vamos conquistar mais e mais direitos e influir no empoderamento da mulher no movimento estudantil”, disse a ex-presidente da UNE.
O EME conta com diversos grupos de trabalho e mesas de debate sobre questões ligadas à opressão de gênero. Além disso, é também um espaço para se discutir o papel da mulher no movimento estudantil, na produção de conhecimento e na sociedade.
“Em conjunto com o movimento feminista, as estudantes estão mobilizadas por bandeiras que avancem na superação da desigualdade e na conquista de liberdade e autonomia das mulheres”, defende a diretoria de Mulheres da UNE. Portanto, agende-se.
4º EME – Encontro de Mulheres Estudantes da UNE
De 21 a 24 de abril de 2010
Salvador – Bahia
Acompanhe: http://twitter.com/mulheresnaune
Sandra Cruz-UNE
O blog Ane Ligado em Você está neste mês de janeiro no TOP 10 entre os des mais acessados do agreste
ResponderExcluirveja no VNT http://www.vntonline.com.br/2011/01/sites-e-blogs-do-agreste-e-litoral-sul.html