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sexta-feira, 4 de agosto de 2017

A Precarização do Ensino a distância

UEE-SP participa do Salão de Divulgação Científica da ANPG

Por: Nicole Carvalho

O Ensino a Distância é uma situação atualmente inserida em diversas universidades, e até pelo MEC ( Ministério da Educação), com o discurso da expansão do ensino superior.

Porém essa "expansão" não é o modelo ideal para possibilitar que milhares de pessoas tenham acesso ao Ensino Universitário. Uma vez que não vem para complementar ou facilitar, e sim cortar gastos,ou com mais investimentos em ensino presencial, principalmente nas universidades privadas, que nos últimos anos vem sofrendo com sucateamentos.
Disciplinas a distancia, online, são implementadas sem diálogo ou aviso prévio. 

Chamamos esse processo de mercantilização do ensino, que de forma indireta também invade as universidades públicas com a inclusão dos cursos a distância.

O dever da UEE-SP e do movimento estudantil é avançar nas lutas para barra o sucateamento e a tomada dos tubarões do ensino - os grandes grupos educacionais que gerem as universidades - na educação superior.

O EAD é sim, de fato, uma realidade. Porém, ele deve ter uma regulamentação criteriosa quanto à qualidade oferecida, para que os alunos atendidos tenham o suporte necessário e satisfatório para seu aprendizado e formação, e que tenham a opção de escolher entre as aulas EADs ou presenciais quando entram na universidade.

A UEE-SP defende transparência, e que aulas a distancia não sejam "enfiadas goela abaixo", motivadas apenas pelo lucro.

A preocupação é que daqui uns anos muitos estudantes estarão pagando um valor muito alto de mensalidade, por aulas que não serão presenciais. Na lógica mercadológica, o EAD é muito mais lucrativo. Não há investimento em instalações físicas (sala de aula), pode-se ter um número muito maior de “clientes” e também negociar o material didático produzido e as novas tecnologias educacionais baseadas em softwares.

As relações de trabalho também se alteraram, o profissional de educação, outrora chamado de professor, passou a ser chamado de tutor e, sendo assim, não goza de direitos tradicionais como férias, carteira assinada e direitos previdenciários, os contratos são de curta duração, sendo terceirizados por uma fundação, empresa ou instituição privada de administração indireta. 
Na maioria dos cursos de educação a distância, não tem sequer direito à voz, sendo condenada a “dialogar” consigo mesma ou com fontes virtuais de informações.

Além disso, a maioria dos programas de educação a distância está buscando sua consolidação em práticas excludentes e antidialógicas, pois estão imersos em uma conjuntura maior, cujas prioridades centram-se na formação de recursos humanos adaptados à dinâmica do mercado de trabalho e na utilização de meios tecnológicos, em detrimento das mediações existentes.

Um professor passa a trabalhar com turmas imensas, e em grande parte transformados em complemento salarial para muitos docentes.

Essa relação “custo x benefício” influenciou na expansão rápida da EAD por todo o país. Sabemos que as consequências de uma formação precarizada reflete diretamente na subalternização profissional, na redução dos espaços socio-ocupacionais, nos salários, e principalmente, na identidade profissional e na legitimidade junto à sociedade. Relaciona-se principalmente com o processo de desenvolvimento do capitalismo.

O resultado é um aumento da desigualdade social, e que para entendê-la é preciso observar o sistema e os desdobramentos da relação do Estado frente à classe trabalhadora por meio das políticas sociais e educacionais.
Precisamos, acima de tudo, debater e lutar pela ampliação do ensino público com qualidade, com docentes qualificados, acervo bibliográfico disponível e atualizado e laboratórios de informática.

Sendo assim, espaços presenciais que favoreçam a desconstrução de valores morais e de senso comum e a reconstrução de profissionais críticos e comprometidos com o projeto ético político da profissão, voltados para a defesa da classe trabalhadora.

 Nenhum direito a menos!

Nicole Carvalho, estudante de Direito da FMU, é diretora de universidades privadas da UEE-SP nos próximos dois anos.

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