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terça-feira, 8 de agosto de 2017

Um ano depois daquele assalto

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Por Julio Silva, estudante da E.E. Dom João, em Manaus*
Estudante de Manaus relembra luta que completa um ano e conseguiu mais segurança na E.E. Dom João,
Um assalto dentro da escola foi a gota d’água para que os secundaristas de Manaus ocupassem sua cidade para cobrar melhorias na educação estadual, em agosto do ano passado. Com as manifestações dos estudantes do colégio Estadual Dom Bosco, que pararam as aulas por três dias e chegaram a ocupar um terminal de ônibus, a escola passou a ter arame farpado nos muros e funcionários na portaria.
Um ano depois, o estudante Julio Silva relembra as atividades daqueles dias, que fizeram parte do movimento nacional da primavera secundarista e também denunciaram medidas do governo Temer. Não menos importante: o governador do estado do Amazonas, José Melo (PROS), acabou cassado por corrupção este ano – a eleição para o substituto aconteceu este domingo (6/7).
Ocupar e Resistir
Por Julio Silva, estudante da E.E. Dom João, em Manaus*

Um ano atrás, assaltantes pela segunda vez invadiram a escola estadual Dom João, em Manaus, assaltaram e fizeram reféns estudantes que faziam aula de educação física na quadra. E esse mês completa um ano que os estudantes da E.E Dom João de Souza Lima, junto com o grêmio estudantil, decidiram ocupar as ruas da cidade e paralizar as aulas em busca de providências por mais segurança pública, além de mais qualidade da merenda escolar e nas estruturas da escola.
Os estudantes pararam as aulas por três dias, com muita resistência e luta, reivindicando melhorias na educação pública, nos dias 2, 3 e 4 de agosto de 2016. No primeiro dia, os estudantes juntos com os professores decidiram não ir para a sala de aula e resistiram no pátio da escola em forma de protesto, com um ato na frente da escola. No segundo dia, fizemos uma aula de cidadania no refeitório da escola, debatemos o retrocesso do governo Temer que acontecia na época, falando sobre a PEC 55, que acabou congelando os investimentos em educação, a Lei da Mordaça e a reforma do ensino médio, que foi um grade golpe na educação pública.
A secretária de Educação do estado tentou coagir o ato passifico dos estudantes, sofremos ameaças de expulsão e
suspensão se não atendêssemos a ordem da diretoria da escola para encerrar a greve, mas não atendemos e resistimos na frente da escola. O presidente do grêmio, Vanilson Sales, chegou a ser afastado de atividades como a rádio da escola.

Já no terceiro dia, fizemos uma rodada de intervenções no carro de som, com a ajuda das entidades estudantis, UMES MANAUS E UBES AMAZONAS, com o presidente da UMES João Victor Cascaes denunciando a falta de estruturas da área externa da escola. Pronunciou-se também Ruan Wendell, diretor regional da UBES, denunciando a falta de segurança pública. Como secretário-geral do grêmio Dom João, denunciei a falta de merenda escolar. Em forma de protesto, todos nós caminhamos até o terminal de ônibus T3. Ocupamos e resistimos dentro do espaço público, deixando nosso recardo para a sociedade e para o governador José Melo, que foi cassado recentemente por compra de votos e por fechar com facções criminosas aqui no estado. Também deixamos nosso recardo ao prefeito de Manaus denunciando a precarização do transporte público e reivindicando o passe livre estudantil.
Com essa luta, conseguimos mais segurança na escola, com a instalação de arame farpado no muro e dois agentes de portaria. A qualidade da merenda melhorou e trocamos ar-condicionado e o portão da garagem, além de outras pequenas reformas na área externa da escola. Para nós, é a certeza de que lutar vale à pena.

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* Julio é diretor da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Manaus e, em 2016, foi secretário-geral do grêmio da E.E. Dom Bosco

UBES

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