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sexta-feira, 11 de agosto de 2017

SanFran será ‘Território Livre’ dos estudantes brasileiros nesta sexta (11)

Faculdade de Direito São Francisco 
Arquivo
por Cristiane Tada.
Posse da UNE e UEE-SP vai reivindicar luta pela pelas Diretas Já na primeira Faculdade de Direito do Brasil
“Quantas pedras forem colocadas, tantas arrancaremos. 30-X-1973”
Inscrição na pedra fundamental do prédio da Faculdade de Direito da USP, que voltou da Cidade Universitária para o Largo São Francisco por pressão do alunos
Um espaço de tradição e resistência será o palco da posse da União Nacional dos Estudantes e da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) nesta sexta-feira (11) dia do estudante, quando se comemora um duplo aniversário: 80 anos da UNE e 190 do Centro Acadêmico XI de Agosto da Faculdade de Direito da USP.
Localizada no Largo São Francisco no coração da cidade de São Paulo, o endereço da primeira Faculdade de Direito do país ultrapassou sua referência de ensino para também reduto da democracia, espaço de defesa das lutas sociais dos trabalhadores e dos estudantes.
“Durante a posse da UNE iremos ocupar o Largo com muita reverência às inúmeras lutas travadas aqui e retomar esse local de resistência com a luta pelas Diretas Já e na defesa intransigente de uma educação pública de qualidade”, destacou a presidenta da UNE, Marianna Dias.

CENTRO ACADÊMICO XI DE AGOSTO

Fundado em 1903, o Centro Acadêmico XI de Agosto foi o primeiro CA fundado no Brasil e representou a união de diversos agrupamentos estudantis já existentes na Faculdade de Direito de São Paulo. Em 1938 foi uma das entidades fundadoras da UNE.
Tem no seu histórico de lutas o fato de ter tido seu prédio invadido por militares assim como a UNE um pouco antes o golpe de 1964, devido a uma palestra de um ministro do governo Goulart sobre as reformas de base. Também se destacou no engajamento de períodos importantes como na campanha “O Petróleo é Nosso”, nas Diretas Já e no Fora Collor. Ao longo dos anos os estudantes do XI de Agosto já protagonizaram várias ocupações e manifestações que mantém uma tradição de lutas e engajamento com os mais variados problemas sociais enfrentados pela sociedade e também por uma horizontalização maior das estruturas de poder da USP.
“Para a gente é um orgulho e uma honra recebermos e sediarmos no Largo São Francisco esse local histórico para as lutas sociais brasileiras, essa posse da UNE e UEE-SP porque são entidades que sempre se colocaram em defesa da democracia, em defesa dos direitos da população brasileira e sobretudo da juventude, assim como o XI de Agosto sempre encampou as grandes bandeiras dos avanços sociais brasileiros”, afirmou o vice-presidente da UEE-SP e diretor do XI de Agosto Diego Pandullo.
A história do XI de Agosto também se confunde com a história das lutas progressistas do país. Desde a luta por uma Constituição Federal, a resistência ao Estado Novo, como importante espaço de aglutinação do Movimento Estudantil nos sucessivos embates com a polícia e a ditadura militar, de discussão e defesa da educação pública. Sob suas arcadas é considerado um “Território livre”, desde 1930, ou seja, espaço livre de debate, imune à ação repressora de qualquer teor.
No último período a SanFran ficou marcada pela atuação de professores e estudantes na defesa da legalidade do mandato de Dilma Rousseff – a despeito de professores como Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment contra a presidenta- e pelos atos contra a criminalização dos Movimentos Sociais.
Famosas arcadas são palco histórico de atos e manifestações
A presidenta da CA, Paula Masulk, destacou o momento atual do país de ataques, retrocesso, e retirada de direitos garantidos a população pela Constituição. “Eu acho essencial que o Largo volte a ser palco de reivindicações. Esse ato vai ser muito simbólico com essas entidades tão representativas do movimento estudantil em unidade vamos mostrar que a juventude vai continuar resistindo”.
Assim como previu a histórica Carta aos Brasileiros em 1977, documento escrito pelo professor Goffredo da Silva Telles Junior decisivo para a redemocratização do país, a Faculdade de Direito continua seu legado de defesa a soberania da Constituição, a livre manifestação do povo organizado, contra a censura e a repressão.
“Sustentamos que uma Nação desenvolvida é uma Nação que pode manifestar e fazer sentir a sua vontade. É uma Nação com organização popular, com sindicatos autônomos, com centros de debate, com partidos autênticos, com veículos de livre informação. É uma Nação em que o Povo escolhe seus dirigentes, e tem meios de introduzir sua vontade nas deliberações governamentais. É uma Nação em que se acham abertos os amplos e francos canais de comunicação entre a Sociedade Civil e o Governo”, trecho da Carta.

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