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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O QUE ESPERAR DA 7ª BIENAL DA UNE? ENTREVISTA COM O COORDENADOR GERAL FELIPE REDÓ

Além de comentar sobre alguns detalhes do festival, ele fala sobre a atual ligação da UNE com a cultura e sobre os desafios do projeto CUCA (Circuito Universitário de Cultura e Arte)

Depois da despedida de 2010 e das comemorações de ano novo em muitos lugares do país, as atenções da juventude brasileira se voltam à contagem regressiva para o maior festival estudantil da América Latina, entre 18 e 23 de janeiro, no Rio de Janeiro. O tema dessa edição também promete e não poderia ter palco melhor do que a cidade maravilhosa: “Brasil no Estandarte, o samba é meu combate”. Além disso, o evento será realizado, em grande parte, em meio à área natural do parque do Aterro do Flamengo e, pela primeira vez, contemplará atividades esportivas.

O portal EstudanteNet conversou com o coordenador geral da 7a Bienal, Fellipe Redó, que adiantou um pouco do que estará esperando os 10 mil estudantes de todas as regiões do país esperados para o evento. Nessa entrevista, ele também faz um balanço sobre os últimos 12 anos de retomada da atividade cultural da UNE, perdida desde a década de 60 com as experiências do Centro Popular de Cultura (CPC).

“Atualmente, temos pensado na complementaridade entre cultura e educação. A cultura, por si, não se completa sem uma perspectiva da educação e a educação perde muito se não enxergar na cultura um elemento de formação ampla do cidadão”, afirmou.

Leia abaixo a integra da entrevista

O que esperar da 7ª Bienal?

A Bienal tende a se consolidar como um grande evento nacional, produzido, organizado e desfrutado por estudantes e jovens brasileiros, que seja referência. Teremos uma mostra artística de muita qualidade nessa edição, um seminário muito rico ligado à temática do evento, além das oficinas, atividades autogestionadas e outras iniciativas que irão contribuir para a diversidade dentro do encontro. Imagino que as ações de maior impacto deverão ser a abertura da Bienal, que apresentará o tema de forma significativa, a aula-espetáculo no meio do evento e a Culturata de encerramento.

Porque o samba como tema?

A escolha do samba mantém uma linha de continuidade de outras Bienais ao juntar elementos que constituem o povo brasileiro. Colocamos a marca do samba como um fenômeno genuinamente brasileiro, um espaço privilegiado para se observar a brasilidade, assimilar a riqueza da cultura brasileira. Não teremos o samba somente como estilo musical, mas como reflexo do jeito de ser do nosso povo e de suas formas de agir socialmente, politicamente, historicamente.

Como será realizar grande parte do evento na Praia do Flamengo?

Essa talvez será a grande novidade da Bienal, grande parte de sua programação acontecerá em um espaço público, cartão postal da cidade do Rio de Janeiro, de frente para a Baia da Guanabara. Vamos ter algumas tendas climatizadas onde ocorrerá a programação, em harmonia com o espaço natural do parque do Flamengo. Além disso, utilizaremos alguns equipamentos públicos do próprio local como o teatro de arena, a arena de esportes radicais, o coreto do Aterro do Flamengo, onde será instalado o Boteco Literário, e o palco de praia, onde acontecerão parte das apresentações musicais. São espaços propícios à fruição artística, aos quais pretendemos nos integrar de forma bem harmoniosa.

Qual avaliação da atividade cultural da UNE nesses últimos 12 anos, desde a primeira Bienal?

A marca mais forte, creio, é a consolidação das Bienais no calendário do movimento estudantil brasileiro. Por mais que elas aconteçam somente de dois em dois anos, construímos uma linha de continuidade, nos anos seguintes ao evento já estamos discutindo o tema do próximo, realizando seminários, trabalhando as idéias. A partir de 2001, com o surgimento do CUCA (Circuito Universitário de Cultura e Arte) , esse processo fica ainda mais rico, garantindo não somente essa continuidade, mas a criação de uma rede nacional dentro das universidades, pautando a questão da cultura. Creio que a cultura tornou-se imprescindível para o movimento estudantil nesses 12 anos. Um exemplo foi a retomada do terreno da UNE na Praia do Flamengo em 2007. A 5a Bienal foi um dos principais mobilizadores daquela ação.

Como o projeto do CUCA se insere atualmente na universidade brasileira?

Atualmente temos pensado na complementaridade entre cultura e educação. A cultura, por si, não se completa sem uma perspectiva da educação e a educação perde muito se não enxergar na cultura um elemento de formação ampla do cidadão. O CUCA atualmente é uma iniciativa que tenta aliar essas duas vertentes pensando ainda uma possibilidade de ação através da extensão universitária. A extensão é justamente o instrumento que a universidade tem para multiplicar o seu conhecimento e utiliza-lo de forma a transformar a realidade à sua volta. Imaginamos que a cultura é uma peça central nesse processo. Na 7a Bienal vamos comemorar 10 anos do projeto CUCA, que está presente em 15 estados de todas as regiões brasileiras. Vivemos um momento de muito diálogo entre os CUCAS, trocas de experiências e teremos, na Bienal, uma mostra específica somente para as produções realizadas dentro do circuito.

Qual o principal desafio do projeto do CUCA atualmente?

O CUCA tem fortalecido a sua atuação dentro de redes, uma delas é a própria rede do movimento estudantil, Das, CAs, DCEs, outra é a rede do Fórum Nacional dos Pontos de Cultura, do qual participamos desde o começo. Em 2011 temos o encontro de dois marcos, 10 anos do CUCA e 50 anos das experimentações do Centro Popular de Cultura (CPC da UNE) nos anos 60. Nosso desafio agora é promover uma série de reflexões, seminários, que possam resgatar essa história e, ao mesmo tempo, tecer uma avaliação crítica do nosso trabalho. Durante a Bienal teremos um momento desses com a apresentação da peça “UNE Canta o Brasil”, recuperando a história do país e de seus jovens. Queremos amadurecer a atuação cultural da UNE para sermos ativos na proposição de um plano de cultura nacional, de um projeto de extensão universitária que priorize a cultura, da consolidação de políticas públicas que pensem nessa área com toda a amplitude a que se permite.

Artênius Daniel-Fonte: site da UNE.

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