Fernando de Noronha-PE, És Linda! Ès Bela!
Visitar Fernando de Noronha tem custo alto e requer o cumprimento de diversas exigências burocráticas. Mas tudo faz sentido no momento em que se avista a beleza de uma das paisagens mais bem preservadas do país
Carolina Lenoir - Correio Braziliense
Publicação: 29/12/2010 08:00 Atualização:
Imagine Fernando de Noronha como o equivalente turístico daquelas celebridades bem difíceis do mundo artístico, que impõem vários empecilhos para serem alcançadas, mas, apesar disso (ou talvez exatamente por isso), conquistam uma legião de fãs. Não se trata de um destino fácil de ser visitado de uma hora para a outra, mas poucos lugares conseguem “pagar” tão bem o investimento do turista.
Noronha, que pertence ao estado de Pernambuco, com alguns dos cenários mais deslumbrantes do mundo, não investe no turismo a qualquer custo. A prioridade dos cerca de 3,5 mil habitantes é manter o arquipélago como uma espécie de santuário ecológico. Por isso, ganhar acesso às areias frequentemente incluídas nas listas das mais bonitas do país — como as baías do Sancho e dos Porcos e a Praia do Leão — tem um preço alto e muitas restrições, que requerem um planejamento minucioso em relação a outros passeios nacionais.
Um olhar de fora pode entender tantas regras como um certo exagero, mas os primeiros instantes na ilha bastam para explicar que esses fatores mantêm Fernando de Noronha, patrimônio natural da humanidade, como um dos lugares mais preservados do Brasil. Descoberto em 1503, o lugar funcionou como presídio político e área militar até os anos 1980 e, somente uma década depois, foi aberto aos visitantes, sempre de forma sustentável. Se é isso que garante a existência dos cartões-postais, não faria sentido mudar de estratégia.
Passada a parte burocrática, cabe ao turista desvendar Noronha em toda a sua magnitude: no encontro emocionante com os golfinhos, no mergulho escoltado por uma infinidade de peixes de cores indescritíveis, no balanço das águas calmas e cristalinas, na caminhada histórica pela Vila dos Remédios, nas lendas locais contadas pelos nativos e — por que não? — no maracatu e no forró que correm soltos nos bares até as quatro da manhã.
No Mar de Dentro, a calmaria reina
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A ilha de Fernando de Noronha é a maior e única habitada do arquipélago de mesmo nome, formado por mais 20 ilhas, chamadas de secundárias, em uma extensão de 26km2. Como 75% do território está contido no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (Parnamar/FM) e o restante na Área de Proteção Ambiental (APA), quem desembarca lá está sujeito a uma série de regras. Somente 700 visitantes podem pernoitar no arquipélago ao mesmo tempo (durante o dia, metade faz passeios por terra e o restante, pelo mar), algumas trilhas só podem ser visitadas com autorização do Ibama e todo turista deve pagar uma taxa que varia (e muito) de acordo com o período de permanência.
Além disso, como nada é fabricado na ilha e todos os produtos disponíveis exigem um esquema especial para serem transportados do continente ao arquipélago, o melhor é preparar o bolso para os gastos. Aliás, é mais garantido recheá-lo mesmo, literalmente, já que boa parte dos estabelecimentos em Noronha ainda não aceita cartões e só há uma agência bancária, a do Banco Santander.
Cinco dias talvez seja o período ideal para conhecer com calma os atrativos naturais, o sítio histórico e a gastronomia da ilha. Com temperatura média de 28ºC, Noronha tem duas estações bem definidas: a seca, entre setembro e março, e a chuvosa, entre abril e agosto. Nessa última, porém, as chuvas são esporádicas e intercaladas por sol intenso. Parece estranho, por se tratar de uma ilha, mas os habitantes referem-se sempre ao Mar de Dentro, composto pelas 10 praias voltadas para o continente americano, e o Mar de Fora, em que outras quatro estão na direção do continente africano. O Mar de Dentro é considerado tranquilo a maior parte do ano e protegido dos ventos, enquanto o de fora é mais agitado, mas com áreas repletas de peixes coloridos e arrecifes.
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