A forte demanda por mão de obra permitiu uma redução no total de trabalhadores que pedem seguro-desemprego quando são demitidos. Entre 2005 e 2007, 80% a 85% dos trabalhadores usavam o benefício após serem demitidos sem justa causa. Em 2008, quando a economia cresceu fortemente antes da crise financeira mundial, esse percentual histórico caiu abaixo de 80% do total pela primeira vez, mas voltou a subir com as demissões decorrentes da desaceleração da economia brasileira em 2009. A procura das empresas por trabalhadores qualificados levou esse percentual para 72% no terceiro trimestre do ano passado - o menor nível trimestral desde o início da atual série do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no terceiro trimestre de 2010, 7,172 milhões de trabalhadores foram demitidos sem justa causa, o que os tornou aptos a requerer o benefício. Destes, 2,374 milhões fizeram o pedido.
A menor proporção de trabalhadores que acessou o benefício esse ano também permitiu um desembolso mais equilibrado do governo com o pagamento deste benefício. De acordo os dados do Sistema de Acompanhamento Estatístico-Gerencial do Seguro-Desemprego do MTE foram pagos R$ 14,440 bilhões em seguro-desemprego de janeiro a setembro de 2010, valor apenas 0,3% maior do que o gasto em igual período do ano anterior. Nos primeiros nove meses do ano passado, 7 milhões de pessoas foram demitidas, número 7,7% maior que em igual período de 2009, o equivalente a mais 400 mil pessoas. Apesar deste aumento nas demissões, o total de pessoas que pediram o seguro desemprego cresceu muito menos - 1,3% ou 71 mil pessoas a mais no ano de 2010.
Os dados de outra pesquisa, a mensal de emprego feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que os trabalhadores desempregados estão ficando cada vez menos tempo procurando uma nova colocação, o que também explica menor demanda por seguro-desemprego. Em novembro, 26% dos desempregados demoraram menos de um mês para achar uma nova colocação enquanto 50% deles demoraram de 30 dias a menos de seis meses para votar ao mercado de trabalho, indicando que 23% permaneceram desempregados por mais de meio ano. Em 2005, 35% dos desempregados precisavam mais de seis meses para achar um novo emprego.
Regionalmente, as diferenças são maiores. Em Recife, em 2005, 26% encontravam uma nova colocação em até 30 dias, percentual que hoje está em 57% do total, segundo os dados da PME do IBGE. Em Porto Alegre - hoje no pleno emprego, com uma taxa de desocupação de apenas 3,7% da População Economicamente Ativa (PEA) - o tempo de procura é de até 30 dias para 29% dos desempregados e de até seis meses para outros 54%. Apenas 15% dos não ocupados demoram mais de seis meses para arrumar uma nova colocação.
Fonte: Valor Econômico
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