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sábado, 15 de julho de 2017

São Paulo tem dia de luta contra cortes no passe livre

Conheça os itinerários de alguns dos estudantes que tomaram a frente da Prefeitura paulistana na ultima quarta (12/7), em protesto pelas mudanças de João Dória.

Na tarde da última quarta-feira (12/7), estudantes tomaram a frente da prefeitura de São Paulo, no Centro, vindo de todas as regiões da cidade. Em meio às férias escolares, centenas de jovens dedicaram um dia – e duas cotas de transporte público! – para tirar o sossego do prefeito João Dória (PSDB). Isto porque a Prefeitura anunciou para  agosto cortes no passe livre estudantil, uma conquista de 2015.
O grito já conhecido do movimento secundarista e universitário tomou conta do viaduto do Chá e seguiu até a Secretaria dos Transportes, também no Centro: “Não tem arrego / Você tira o passe livre e eu tiro seu sossego”. Também ouvia-se “Governo ladrão / Rouba merenda e sucateia a educação”. No final, ficou agendado um novo ato para a próxima terça, 18/7.
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O que muda no passe livre

A alteração da Prefeitura, já publicada no Diário Oficial, limita o passe livre nos ônibus a dois momentos por dia, para ir e voltar do local de estudo. Cada uma destas cotas pode incluir 4 embarques no período de duas horas. Até junho, eram 8 embarques diários para serem usados a qualquer hora.
Entre as palavras de ordem, apresentações de hip hop e oficina de cartazes, os estudantes reclamavam a perda do direito de locomoção gratuita para cultura, esporte e lazer, além de listar problemas no transporte público da capital paulista.
Presente no ato, a presidenta da UNE Marianna Dias afirmou que a alteração nas cotas do passe livre é absurda e prejudica os estudantes que estudam longe de casa. ”Morar longe da escola significará não conseguir sequer usar o passe livre durante o mês inteiro. Infelizmente, essa tem sido a marca do governo Dória: corta transporte, corta lazer, corta cultura… Começou com os grafites e atingiu os estudantes. Ele não gosta que as pessoas ocupem a cidade”, falou.
Nayara Souza, presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), concordou que quem estuda muito longe de casa também será prejudicado com a mudança feita por João Dória: “O prefeito diz que coloca o passe livre só para os estudos, mas, ao  limitar cada cota a um período de duas horas, não garante nem isso. Muitos não conseguem chegar no local de estudo em duas horas, com a distância e todos os problemas do transporte público”.
Para Emerson Santos, da União Paulista de Estudantes Secundaristas (UPES), é importante destacar que o passe livre estudantil já é uma conquista dos estudantes: “Em 2015, também ocupamos este espaço, na frente da Prefeitura, para lutar por isto. E agora estamos vendo a restrição de um direito que já conquistamos!”

Duas horas não bastam

No caso de Ingrid Guzeloto, moradora da Vila Guilherme, na Zona Norte, bolsista do Prouni na PUC-SP e presente no ato desta quarta, as mudanças vão acarretar mais gastos. Ela também usa o transporte para chegar ao estágio: “Eu teria que gastar parte significativa do meu salário de estagiária com passagem”.
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INGRID GUZELOTO
O que faz: Estudante de Relações Internacionais na PUC e estagiária
Onde mora: Vila Guilherme
Tempo por dia no transporte: 3 horas

“Este ato é importante para mostrar que os estudantes não vão se calar. Queremos acender uma nova faísca na juventude para que todos estejam unidos contra cortes.”

Transporte público cansa mais que estudo

“Sempre digo que o mais difícil e cansativo na vida do estudante não são os estudos, mas o transporte público”, dispara Maria Luiza, estudante da escola estadual Luiz Vaz de Camões, no Carrão. Moradora de Guaianases, ela passa 4 horas no transporte público todos os dias, numa rotina que começa às 5 horas, e quase sempre sem lugar para sentar.
Agora nas férias, as cotas diminuem e restam apenas 8 para Maria Luiza usar até o fim do mês, mas, ainda assim, ela fez questão de gastar duas para ir e voltar do viaduto do Chá: “A única forma de mostrar que temos voz e não estamos conformados é vindo aqui para a rua.”
A amiga Caroline Freitas festeja estar perto do fim do seu curso na USP, que também exigiu mais dedicação no transporte do que nas matérias. Ela leva duas horas e meia no trajeto entre casa e faculdade.
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MARIA LUIZA E CAROLINE FREITAS
O que fazem: Secundarista na escola estadual Luiz Vaz de Camões e estudante da USP
Onde moram: Guaianases
Tempo por dia no transporte: 4 horas (Maria Luiza) e 5 horas (Caroline Freitas)

“A única forma de mostrar que temos voz e não estamos conformados é vindo aqui para a rua.”

É público, mas não é

Muitos presentes no ato destacavam ainda os altos preços para se locomover na cidade. “A passagem já é cara, está limitando nosso direito de ir e vir. Chama transporte público, mas na prática não é”, observou o secundarista Pedro Henrique. Para ele, esta ação do prefeito não condiz nem com o anunciado por ele em campanha. Assim como muitos presentes, ele ressalta que circular na cidade e aproveitar os espaços culturais também faz parte da formação dos jovens.
O secundarista terminou com um alerta: “A gente veio aqui dar um recado para o prefeito. É como diz o canto: ‘Acabou a paz, mexeu com estudante, mexeu com Satanás’”. Agende: na próxima terça (18/7), tem mais.
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PEDRO HENRIQUE
O que faz: Secundarista na escola estadual Borges Vieira
Onde mora: Vila Alpina

“A passagem já é cara, está limitando nosso direito de ir e vir. Chama transporte público, mas na prática não é.”
Fonte: UBES

Adaptado pela ANE/RN

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